As restrições ao tráfego de caminhões na cidade de São Paulo e o desafio ao novo Prefeito, por José Carlos Larocca*

Publicado em
21 de Agosto de 2012
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A cidade de São Paulo, nos últimos anos, tem adotado várias formas de restrições e proibições à circulação de automóveis e caminhões. Começou com o rodízio de automóveis e, posteriormente, evoluiu para a restrição aos caminhões nas chamadas Zonas de Máxima Restrição de Circulação - ZMRC, que englobam todo o entorno compreendido pelas marginais e avenidas de grande tráfego.

A medida mais drástica ocorreu em 2008, quando também foram restritos os caminhões de porte médio, os chamados VUCS, especialmente desenvolvidos no final da década de 90 pela indústria automobilística exatamente para atender às exigências de circulação, sendo regulamentados pela PMSP depois de estudos da Companhia de Engenharia de Tráfego – CET.

Como representante da Federação do Comércio de Bens, Turismo e Serviços do Estado de São Paulo – FECOMERCIO-SP, junto à Comissão Para Análise das Excepcionalidades na Zona de Máxima Restrição de Circulação – CAEZ, sempre fui contrário à essa medida, e defendi que, caso houvesse restrições ao VUC, fosse tão somente enquadrada no rodízio, igualmente aos veículos de passeio, em função do final da placa.

A FECOMERCIO-SP entende que o VUC é um veiculo perfeitamente adaptado à dinâmica da cidade, ocupando, no máximo, 1,5 m, do tamanho de um automóvel comum, e que a restrição à sua circulação afetaria o funcionamento dos pequenos comerciantes e prestadores de serviço, que não tinham como se adaptar aos horários de entrega no período da madrugada.

Depois da restrição por quase quatro anos, atendendo a um pedido da FECOMERCIO-SP e de outras entidades, as autoridades de trânsito foram sensibilizadas, bem como o prefeito Gilberto Kassab, e as restrições foram parcialmente revogadas, por meio do Decreto nº 53.149, de 17.05.2012. Foi mantida, no entanto, a necessidade de cadastramento desses veículos junto à Secretaria Municipal de Transportes – SMT.

Todavia, permanece proibida a circulação nas chamadas Vias Estruturais Restritas – VER, medida que, apesar de não ser a ideal, foi correta, pois a restrição ao VUC estava contribuindo para aumentar o número de veículos, substituídos em volume de carga por 3 ou 4 pick-ups ou camionetas.

A cidade de São Paulo atingiu um preocupante nível de saturação de veículos, conforme estudo elaborado pelo economista da FECOMERCIO-SP, Fábio Pina, que constatou que o número de automóveis por habitante na cidade é muito maior do que a média nacional.

A quantidade de automóveis por km2, na cidade de São Paulo, é mais de 600 vezes superior à média nacional, e mais de 50 vezes a do Estado mais rico do Brasil, o Estado de São Paulo. O citado estudo conclui que a posse de veículos na cidade de São Paulo está chegando ao seu limite, e deverá continuar crescendo vegetativamente. No último ano, cresceu em ritmo mais lento quando comparado com o ano anterior, mas enquanto no Brasil a frota cresceu 6,8%, no Estado de São Paulo cresceu 5,5%, e na cidade de São Paulo apenas 1%, no período compreendido entre maio de 2011 e maio de 2012.

Citamos esses fatos para lançar ao futuro Prefeito da cidade de São Paulo, que será eleito em novembro de 2012, o desafio de dotar nossa cidade de um transporte coletivo digno e de larga escala, de maneira a desafogar o trânsito e permitir a circulação de veículos que transportam produtos.

A cidade de Nova York, que é dotada de uma rede de metrôs desde 1904, com mais de 1.355 km, 26 linhas e 468 estações, ligando todos os extremos da cidade, considerado o maior do mundo, também possui ônibus confortáveis, dotados de ar condicionado, onde praticamente todos os passageiros viajam sentados. Com essas facilidades para locomoção, dificilmente a população usa o automóvel. Assim, a equação do trânsito de caminhões nos bairros centrais é facilitada, e são estabelecidos horários para circulação durante o dia, mediante uma licença especial.

Quero ressaltar que o trabalho desenvolvido pela equipe de engenharia da CET merece elogios, pois apesar da cidade possuir um traçado desfavorável, consegue fazer fluir o trânsito, apesar dos congestionamentos.

Portanto, espero do futuro prefeito, com relação ao trânsito, medidas para corrigir cruzamentos, alargar algumas vias, construir novas pontes, semáforos inteligentes, preparando, assim, a cidade para a Copa de 2014. E, principalmente, como legado para o futuro de nossa cidade, um transporte coletivo abundante e digno.

*José Carlos Larocca é economista, empresário do setor de Lavanderias, Diretor-Secretário da FECOMERCIO-SP e Presidente do Sindicato Intermunicipal de Lavanderias no Estado de São Paulo – SINDILAV.

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