As razões contra os pedágios

Publicado em
21 de Junho de 2010
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Presidente do Sindicato das Empresas de Transporte e Logística (Setcergs), José Carlos Silvano, contesta os dados apresentados pela Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR) sobre os pedágios e reproduzidos nesta coluna. Ele reitera em longo e-mail que os pedágios gaúchos são os mais caros do Brasil e não oferecem nada na relação custo-benefício aos usuários. Segundo ele, o Setcergs sempre defendeu sua eliminação por diminuírem a competitividade da economia gaúcha na exportação e onerarem sobremaneira o setor. O Duplica-RS era um projeto equivocado que postergava até 2028 o mesmo modelo errado de polos rodoviários, em troca de "puxadinhos" nas rodovias (em mais ou menos 150 km de intervenções). O Estado tem 155 mil km de rodovias, 12.800 pavimentados (BRs e RSs e municipais) e 138.000 de chão batido, ou seja, as intervenções do Duplica-RS seriam de 0,1%  da malha gaúcha.

Reduções de preços

As reduções de preços do Duplica-RS seriam fictícias, diz ainda o Setcergs, pois não beneficiariam os caminhões e elevariam a receita das concessionárias por outros 15 anos, engessando mais ainda as estradas sem os devidos investimentos federais, que, ao final, foram confirmados sem ônus aos gaúchos: duplicação da BR-386 Tabaí x Estrela; da BR-116 Sul Guaíba x Pelotas; da BR-392, Pelotas x Rio Grande e da BR-290, Eldorado do Sul até Pântano Grande, entre outras.

Aumento dos fretes

Sobre o aumento dos preços dos fretes, pesquisa realizada no início do ano constatou uma defasagem de 18%, decorrente da redução de tarifas durante a crise, que não deve ser confundida com elevação de fretes. O que houve foi recomposição de valores, via liberdade de negociação com clientes, caso a caso, considerando as melhores práticas de mercado e preservação da saúde financeira das transportadoras, argumenta ainda o Setcergs, na resposta. O sindicato só repassa informações de custos de insumos e monitora o mercado sem nele intervir. São mais de 7 mil empresas de transportes no Estado e 88 mil autônomos, com 230 mil caminhões, ou 10% da frota nacional, num setor de altíssima competição.

Maior carga tributária

O transporte rodoviário de carga é a atividade mais tributada no Brasil, pois paga todos os tributos que a indústria e o comércio pagam e mais a Cide, o IPVA, um sem número de licenças ambientais, de circulação, trânsito, Inmetro, e pedágios que não deixam de ser um "imposto de passagem", por ausência de vias alternativas. Talvez por isso o frete rodoviário seja considerado "caro". Retire-se a pesada tributação e o peso de pedágios e combustíveis (diesel), o mais caro do mundo, "e teremos o menor frete rodoviário do mundo, eis que não há no Brasil nenhuma outra atividade mais competitiva do que do transporte rodoviário de carga", conclui.

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