Artigo escrito por Júlio César dos Santos*
O título deste artigo parece apresentar uma contradição. Como é possível treinar para o imponderável? É claro que antecipar imprevistos é impossível. Mas podemos (e devemos) usar os casos conhecidos para aprender com os erros e acertos, antecipando possíveis ações e procedimentos em casos extremos. Em muitos desses casos, a imprevisibilidade é só um detalhe. Ou seja, equipes bem preparadas superam o imponderável.
No campo da segurança de trânsito, essa é uma realidade. Muitos casos bem-sucedidos de ação emergencial tiveram origem na preparação exaustiva. O estudo rotineiro das ocorrências registradas, permite a identificação dos caminhos que deixaram de ser percorridos e das soluções que poderiam ter maior assertividade, permitindo o treino para acertar.
Na BR-163/MS, os dados sobre os acidentes registrados são matéria-prima para estudo, o que é feito constantemente pelas equipes do Serviço de Atendimento aos Usuários, SAU. É a partir desses estudos de caso que aperfeiçoamos os padrões e criamos novas normas. É assim que evoluímos na tarefa cotidiana de salvar mais vidas.
Em um nível desses estudos está a identificação de eventuais problemas de geometria ou sinalização, que favoreceriam a repetição de determinadas ocorrências. Muitas mudanças já realizadas na BR-163/MS tiveram como base estudos desse tipo. O outro nível de atenção está na compreensão de desvios de comportamento dos condutores de veículos. A educação de trânsito é ferramenta essencial que precisa ser praticada. A “leitura” da experiência em atendimentos do SAU e da Polícia Rodoviária Federal, PRF, é uma fonte inestimável de aprendizado.
Cada acidente é único e tem tantas particularidades que permite o desenho de possíveis cenários no futuro. Porque, apesar das particularidades, sempre são identificados pontos comuns, que podem direcionar treinamentos.
É com esse intuito que, periodicamente, realizamos exercícios simulados. No final de agosto, por exemplo, realizou-se na BR-163/MS, um desses exercícios, em uma situação hipotética de acidente com produtos perigosos. O “cenário” foi montado na altura do km 466, em Campo Grande, reunindo 16 instituições de trânsito e resgate que atuam no Estado de Mato Grosso do Sul.
O exercício envolveu equipes do Serviço de Atendimento ao Usuário (SAU) da CCR MSVia, Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso do Sul, Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), Cruz Vermelha de Mato Grosso do Sul, Polícia Rodoviária Federal (PRF/MS), Polícia Militar Rodoviária de Mato Grosso do Sul (PMMS), Polícia Militar Ambiental de Mato Grosso do Sul (PMA/MS), Departamento Estadual de Trânsito de Mato Grosso do Sul (Detran-MS), Coordenadoria Geral de Perícias, Defesa Civil Estadual, Agência Municipal de Transporte e Trânsito (Agetran), Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e Energisa. A transportadora Kátia Locatelli também foi parceira no evento, cedendo o caminhão para o cenário.
É esse esforço coletivo que faz a diferença no atendimento a emergências em Mato Grosso do Sul, seja em ruas, avenidas ou estradas. E temos orgulho em participar desse grupo e contribuir com as experiências adquiridas a partir de estudos feitos na BR-163/MS.
Afinal, treinar para o imponderável é cumprir nosso papel de nos preparar para salvar vidas.
(*) Júlio César dos Santos é tecnólogo em Logística e coordenador de Interação com o Cliente da CCR MSVia