Artigo: Sem surpresas, mas com esperança*

Publicado em
05 de Julho de 2016
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As primeiras semanas do governo Michel Temer foram marcadas por anúncios no campo econômico que eram esperados há muito tempo: limitação do gasto público, atenção às metas de inflação, retomada das privatizações e das parcerias público-privadas, além da composição de uma equipe reconhecidamente competente e alinhada com a retomada do crescimento da economia, desde o ministro da Fazenda, aos presidentes do Banco Central, da Petrobras e do BNDES, até à Secretaria do Tesouro Nacional.

Não há surpresas nessa agenda e sabemos que grandes desafios estão por vir, especialmente nas relações com o Congresso Nacional. Mas a simples quebra de um modelo populista esgotado, marcado pela incompetência, já é, por si só, um avanço imenso nas nossas expectativas para o futuro.

Também não há espaço para ingenuidade ou otimismo cego. Os investimentos só voltarão a ganhar ritmo quando for possível acreditar de novo no governo e na solidez das medidas adotadas para estancar a deterioração das contas públicas, reverter a recessão e retomar o crescimento.
O país ainda precisa de uma injeção de ânimo na forma de investimentos em infraestrutura, principalmente nas áreas em que eles são inadiáveis, caso da nossa precária e antiquada malha rodoviária, uma das fontes mais dramáticas do custo Brasil.

O país anseia por um caminho sustentável e continuado de progresso. Sofremos todos com a inflação em alta, a precarização do emprego, a falta de crédito e as restrições no consumo.

O setor de transporte de cargas alinhou-se ao movimento nacional pró-impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff. Fomos bem sucedidos até aqui, mas não podemos baixar a guarda. Entendemos que é primordial a consumação do impedimento. Com isso o governo terá dois anos e meio para trabalhar na recuperação de nossos fundamentos econômicos.

Também estamos de olho na operação Lava Jato. A qualquer momento tudo pode mudar, com envolvimento de políticos que hoje estão no governo ou na base. E isso alimenta o clima de instabilidade.

Em muitos pontos este governo é uma continuidade do antigo, principalmente na escolha de velhas raposas de nossa política para alguns ministérios. Porém, uma coisa é certa: político com ficha suja não se sustenta mais no cargo. A sociedade está mudando e certamente sairemos melhores dessa jornada.

*Gilberto Cantú é Presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas no Estado do Paraná - Setcepar

 

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