Artigo - A importância de calcular o frete mesmo na crise*

Publicado em
09 de Agosto de 2016
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Sim, o país enfrenta a maior crise dos últimos vinte anos, e os transportadores estão entre os que mais sofrem com esta condição econômica.

Por causa disso, vejo muita gente olhando apenas para o valor do frete, sem realmente entender se vale a pena ou não prestar tal serviço.

É claro que é preciso trabalhar, afinal as contas vencem todos os meses, e as vezes parece que não temos muitas escolhas.

Porém deixar de fazer o cálculo de fretes pode ser algo bem perigoso.

A composição dos custos diretos (fixos + variáveis) da frota, além dos custos indiretos (administração) precisa ser feita ao menos uma vez por mês.

Com a inflação batendo à nossa porta, todos os meses temos variações nos custos, e por isso eles precisam ser revisados constantemente.

Fazer o cálculo de fretes não é algo tão complexo assim, e por isso mesmo você não pode deixar de realizar esta rotina.

Caminhoneiros autônomos

Se você é um caminhoneiro autônomo, então procure entender os seus custos por dois ângulos: tempo e distância.

Toda vez que seu custo for fixo, o cálculo precisa ser feito pensando no tempo (dias, semanas, meses, anos).

Toda vez que seu custo for variável, o cálculo precisa ser feito pensando na distância (km rodados ida e volta).

Custos fixos

Então vamos ver quais são os custos fixos que seu caminhão tem:

  • Depreciação de veículos;
  • Remuneração de Capital;
  • Licenciamento, IPVA e Seguro Obrigatório;
  • Seguro do Casco do Veículo.

Para calculá-los, eu sugiro que você pegue o valor total de um mês, e divida pelo número de dias que você normalmente trabalha (padrão são 22 dias).

O resultado será o custo fixo do seu caminhão por dia, e com essa informação você sabe quanto gasta todos os dias, rodando ou parado.

Custos Variáveis

No caso dos custos variáveis, são eles:

  • Combustível;
  • Arla 32;
  • Pneus;
  • Manutenção do veículo;
  • Lubrificantes;
  • Lavagens e graxas.

E para calculá-los por km rodado, eu sugiro que você pegue um período maior, 30 dias para diesel, arla, lubrificantes e lavagens, e 90 dias para pneus e manutenções.

Você precisará registrar quantos km rodou neste período, para que você possa fazer a conta.

Custo total direto

Sabendo quanto você tem de custo por dia (custos fixos) + o valor do seu custo por km rodado (custos variáveis), você será capaz de avaliar exatamente o seu custo toda vez que for fazer um novo frete.

Esse é o seu custo total direto (fixo + variável).

Só não esqueça que, além dos custos citados, você ainda tem alguns custos indiretos, como:

  • Contador;
  • Telefone;
  • Despesas de viagem;
  • Impostos.

Empresas

Já para as empresas os custos são maiores, pois precisam:

  • Garantir ao embarcador a segurança da carga (GRIS, Seguro);
  • Pagar outros impostos (PIS, COFINS, CSSLL, IRPJ);
  • Arcar com a mão de obra do motorista + todos os benefícios previstos em lei;
  • Sustentar uma administração do negócio (aluguel, energia, telefone, funcionários).

E essa é só uma ideia, dependendo do tamanho da empresa de transportes os custos aumentam ou diminuem.

Por que calcular se o mercado não paga?

Na minha opinião, o cenário do nosso país não vai voltar aos tempos melhores nem em 2017.

Por isso, você tem duas escolhas:

  1. Continuar trabalhando da forma como está mesmo, apenas pagando as contas (ou talvez nem isso), deixando de calcular o frete para não sofrer ainda mais;
  2. Calcular o frete como se deve fazer, e talvez com o resultado encontrado você tire dentro de você as forças para buscar alternativas.

O mercado nunca vai ser ruim para todos, sempre existem oportunidades que ninguém te conta, mas para que elas apareçam você precisa estar no lugar certo e na hora certa.

O lugar e hora certas só aparecem para quem está preparado, e por isso te digo que, como primeiro passo, comece a se preparar calculando adequadamente os seus custos.

Se você tem dificuldades em encontrar bons fretes conte nos comentários abaixo, me diga qual tipo de carga você puxa.

Forte abraço.

*Ed Trevisan

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