*Publicado em 30 de abril de 2019 por Antonio Silveira e Adriel Xavier
A competição excessiva no curto prazo destrói valor para o acionista e o valor se desloca das empresas para as mãos de outros beneficiários: os consumidores. A perda de valor para o acionista ocorre até o investimento migrar para outros setores.
Esse é um ponto muito importante na discussão sobre "cadeias de valor". Quando o mercado é competitivo e desregulamentado o maior beneficiário é o consumidor. Podemos perceber isso em vários segmentos (smartphones, máquinas de cartão, supermercados, etc.). Um mercado altamente competitivo é ruim para as empresas pressionadas em cadeias de valor saturadas de competidores e não há o que fazer quanto a isso, ou a demanda aumenta ou a empresa precisa procurar outros mercados. Num primeiro momento a empresa se ajusta e consegue cortar as ineficiências (custo). Posteriormente as margens continuam em queda e normalmente o retorno sobre o investimento deixa de ser atrativo forçando os investidores a buscar outros setores mais rentáveis. A sociedade como um todo ganha com esse movimento de capitais.
Os investidores entram nesses mercados porque vislumbram possibilidade de retorno sobre o investimento. Não é por benevolência que o padeiro faz o pão, dizia Adam Smith. Quando o cenário muda o investidor vai buscar outros lugares para alocar seus recursos. Isso é o mais fantástico do livre mercado: os recursos sempre serão alocados onde há escassez, porque é na escassez onde existem oportunidades de lucros. Uma economia planificada e centralizada jamais conseguirá alocar os recursos onde eles realmente precisam estar.
Para o empresário/investidor tudo se resume a uma questão de "time", ou seja, saber o momento correto de movimentar e realocar seus recursos em busca de novas oportunidades de lucro. Não é fácil reconhecer esses momentos.
Um empreendedor só investe na resolução de um problema ou necessidade da sociedade porque enxerga possibilidades de lucro. Somos todos movidos por essa força. É uma relação ganha-ganha entre empreendedores, consumidores e governo. O lucro representa a relação ganha-ganha para a sociedade.
O grande desafio está na identificação dos pontos de escassez/necessidades, seja na relação B2C ou B2B.
Considerando que todas as empresas buscam encontrar esses pontos de escassez/necessidades, não existirá qualquer colaboração entre elas nesse sentido. Todas as empresas buscam explorar primeiro as oportunidades aproveitando ao máximo os retornos iniciais. Toda a sociedade baseia-se em modelos de competição em detrimento de modelos colaborativos e aparentemente não há o que se fazer em relação a isso. Teoricamente, qualquer cooperação entre empresas só se dá através de coligações, consórcios, empreitadas e joint ventures, ou dentro de uma relação positiva entre cliente e fornecedor, o que é mais difícil por conta dos interesses de redução constante de custos.
De forma mais macro, poderíamos afirmar que grupos sociais se unem para resolver problemas da sociedade, visando a obtenção de lucro, porque de forma macro as empresas não existem como entidades autônomas.
Empresas que atuam dentro de um mesmo setor, mas com modelos de atuação diferenciados, podem através da complementaridade de suas atividades, atender necessidades de mercado inexploradas, criando necessidades ainda inexistentes. Esse é o tipo de colaboração possível em mercados altamente competitivos. No mundo atual, qualquer atuação fora desses princípios já nasce ultrapassada.