O presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), Antonio Galvan, disse que a tabela de fretes instituída via medida provisória pelo governo como uma das concessões aos caminhoneiros para encerrar a greve já dificulta a negociação de grãos no Estado. “O tabelamento não tem como vingar. Vai ser um prejuízo incalculável em todo o Brasil. Hoje mesmo a gente sabe que as empresas (que compram os grãos no Estado) estão todas paradas, não tem comercialização de produto, não está tendo embarque nenhum”, disse Galvan, em entrevista coletiva sobre o encerramento do Circuito Aprosoja.
Na avaliação do presidente da Aprosoja-MT, a tabela é “um tiro no pé” do caminhoneiro autônomo. “Grandes transportadoras não vão dar conta de pagar esse frete que está aí. Isso vai virar um caos, não tem como dar certo”, disse. Empresas que já negociaram a soja com o produtor e não conseguiram embarcar agora recalculam porque o frete será mais alto do que o inicialmente acertado. “Tenho embarques para fazer na fazenda, e as empresas já avisaram: até acertar isso não vamos liberar embarques para ninguém. Aí os caminhões vão ficar parados”, destacou.
Para o diretor executivo da associação, Wellington de Andrade, a MP pode ser derrubada pelo Congresso, mas Galvan acredita que a medida deve ser questionada na Justiça. “É uma interferência do governo na iniciativa privada.”
Segundo o presidente da Aprosoja-MT, um problema ainda maior do que o frete para levar soja e milho para os portos ou indústrias é o frete de retorno de insumos. “O frete para carregar o produto principal, soja e milho, vai ficar mais ou menos dentro da tabela. O problema é o retorno. Eu por exemplo tenho que trazer fertilizante e não vou trazer nada agora. Precisaria comprar outros produtos, não vou comprar: deixo para o ano que vem ou mais para frente, gasto um pouco da poupança do solo”, disse.
Para o vice-presidente da Aprosoja-MT, Fernando Cadore, o produtor rural que tiver condições de incorporar o custo do transporte para levar o produto da fazenda para os armazéns vai fazê-lo para evitar o aumento de custo com transporte. “Se for viável para o produtor ter caminhão ele vai comprar, e isso vai acabar tirando o autônomo do negócio. Produtor, mesmo que para usar sazonalmente, vai comprar caminhão. Se, em relação à colheitadeira, o produtor compra e usa dois meses por ano, vai acontecer a mesma coisa com o caminhão.”