Após “tempestade perfeita”, MAN vê retomada

Publicado em
17 de Setembro de 2015
compartilhe em:

Para Roberto Cortes, CEO da empresa, não há como cair mais do que 2015

PEDRO KUTNEY, AB

Cortes: “Esta é minha 18ª crise”

Após o que chamou de “tempestade perfeita” que encobriu por completo o desempenho do mercado brasileiro de caminhões este ano, com queda já próxima de 50% sobre 2014, Roberto Cortes, CEO da MAN Latin America, avalia que “não há como cair mais, pode ficar igual se nada mudar, mas acredito que descemos até onde tínhamos de descer e agora começamos a subir, essa instabilidade política deve chegar ao fim, para restabelecer a confiança dos empresários, espero e tenho esperança que isso vai acontecer e poderemos retomar o crescimento, com um patamar perto de 100 mil caminhões no ano”.

Cortes lembrou que o mercado brasileiro de caminhões há uma década saiu do nível de 70 mil unidades/ano para alcançar o recorde de 170 mil em 2011, e depois descer a 137 em 2014 mil. Para ele, a volta ao patamar de 75 mil veículos emplacados este ano não condiz com a atual realidade do País. “Muitos dizem que aconteceu uma bolha. Houve sim o fomento com financiamento muito atrativo, mas não foi bolha, o mercado cresceu mesmo, porque teve melhor distribuição de renda, 44 milhões de pessoas saíram das classes D e E para a C, o crédito irrigou a economia, aumentou o consumo e foram necessários mais caminhões para transportar essas mercadorias”, contrapõe.

Para justificar então por que houve retração tão acentuada das vendas de caminhões nos últimos dois anos, Cortes usou a figura da tempestade perfeita. Ele elencou que estão nessas “nuvens” a instabilidade política, baixo nível de confiança de empresários e consumidores, encolhimento do PIB, aumento do custo de capital com a alta das taxas de juro (inclusive do Finame/PSI, principal instrumento de financiamento de caminhões no País), elevação de custos decorrentes da inflação e câmbio, com consequente transmissão para os preços dos produtos, paralisação das grandes obras de infraestrutura, corte das compras de caminhões em programas do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Exército, aumento da oferta com a chegada de muitos concorrentes e, por fim, dificuldades em exportar porque os maiores mercados de exportação como África e Argentina sofrem de males parecidos. “Com esses fatores nossa tempestade é perfeita ao quadrado”, diz o executivo.

“Essa crise é mais uma. Eu já passei por 17 delas, esta é a 18ª. A impressão que se tem é que a última é sempre a pior e nesse caso é mesmo, porque combina todos os fatores negativos ao mesmo tempo. Mas vai passar. Toda essa situação deve se reverter e esperamos que seja rápido, porque temos fundamentos econômicos melhores do que no passado, precisamos é retomar o espírito animal para voltar a investir e crescer”, pontua Cortes.

Do ponto de vista da MAN, o CEO avalia que a empresa tem condições de se adaptar melhor e mais rápido às adversidades econômicas, graças ao modelo de produção modular formado por consórcio de sete fornecedores na fábrica de Resende (RJ), que opera atualmente em apenas um turno. “Temos um modelo muito competitivo, que se ajusta com mais facilidade na hora de reduzir a produção. Fizemos no início do ano um PPE (Programa de Proteção ao Emprego) por conta própria, antes da regulamentação do governo, com redução de 10% na jornada e nos salários. Também adotamos suspensão de contratos de trabalho e adotamos programas de antecipação de aposentadoria”, explica.

Uma nova ofensiva “anticrise” foi feita com o lançamento de 18 novas versões na linha de caminhões 2016, apresentada esta semana aos concessionários da MAN. “Reagimos rápido à crise porque temos engenharia própria no País. Em apenas nove meses apresentamos diversas novidades para atender necessidades dos clientes e gerar mais vendas. Também somos os primeiros a lançar o leasing operacional, para o MAN TGX, sem entrada e com prestações menores do que as do Finame. Não estamos parados e não mudamos uma vírgula nossos planos, continuamos com nosso programa de investimento de R$ 1 bilhão (2012-2016), aplicado principalmente no desenvolvimento de produtos, porque capacidade já temos mais que suficiente na fábrica, de até 100 mil unidades/ano”, finalizou Cortes.

Boletim Informativo Guia do TRC
Dicas, novidades e guias de transporte direto em sua caixa de entrada.