Aplicativos derrubam cooperativas de táxis

Publicado em
09 de Setembro de 2013
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A chegada da tecnologia ao mercado de táxis nas principais capitais do País, através de aplicativos para smartphones, vem provocando uma remodelagem no setor, fazendo com que centrais e cooperativas percam espaço para novos empreendedores.

Além da popularização entre usuários de aplicativos - como o 99 Taxis, o Taxibeat e o Easy Taxi - essas soluções oferecem custos muito mais baixos aos taxistas autônomos, que, em alguns casos, chegam a triplicar o faturamento graças aos softwares. "Alguns taxistas pagam R$ 2 mil por mês à cooperativa, enquanto no aplicativo, em alguns casos, o custo chega a ser zero", disse o presidente da Federação Nacional dos Taxistas, Edgard Freitas , em entrevista ao DCI.

Um exemplo de redução de custos é o Easy Taxi, maior aplicativo de taxis do mundo, com mais de 1 milhão de corridas realizadas em pouco mais de um ano de operação. "O aplicativo é gratuito e o taxista só paga se ganhar dinheiro. O repasse é de R$ 2 por corrida realizada", diz o CEO da Easy Taxi, Tallis Gomes. O aplicativo já conta com mais de 1,5 milhão de usuários e mais de 50 mil taxistas cadastrados em 13 países, os quais estão distribuídos atualmente em 25 cidades brasileiras e 20 internacionais.

"Com isso, o serviço de rádio taxi tradicional está ameaçado e não sabemos quanto tempo vai aguentar. Observamos um movimento de fechamento de centrais, com cooperativas encerrando as operações ou se aglutinando para se manter no mercado", disse Freitas, destacando que, em Belo Horizonte (MG), em três anos, das cinco centrais existentes, só uma continua ativa.

Na contramão da tendência apontada por Freitas, a Easy Taxi tem apresentado crescimento de 50% ao mês, segundo o CEO da empresa. "Nós dobramos de tamanho todo mês, então acreditamos que vamos continuar com taxa de crescimento média acima de 50%/mês até o fim deste ano", apostou Gomes.


A diferença de custos, segundo o porta-voz da Associação dos Rádio Taxis de São Paulo (Artasp), Jorge Spínola, se deve à falta de regulamentação dos aplicativos. "Para poder funcionar, pagamos altas taxas, impostos, porcentagem no valor dos atendimentos. No caso dos aplicativos, não há qualquer cobrança. Da mesma forma que as empresas de rádio taxi precisam de autorização da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e da prefeitura para funcionar, queremos que os aplicativos precisem também".


Ainda de acordo com Spínola, em São Paulo, onde trabalham cerca de 34 mil taxistas, cerca de 6 mil conveniados a rádio táxis, a Artasp já pediu à prefeitura que regule os softwares, mas ainda não há previsão de quando isso deve acontecer.


Enquanto isso, alternativa encontrada pelas centrais, também tem sido a tecnologia. "A Artasp está criando um aplicativo para concorrer com essa tendência, com procedimento padrão e fiscalização. Essa ferramenta deverá, até o fim do mês, ter um projeto-piloto para todas as rádio taxis de São Paulo", disse Spínola.


Solução corporativa


A demanda pelo gerenciamento de taxis fez, por exemplo, com que este se tornasse o principal negócio da Wappa, empresa líder no Brasil no segmento de mobile payment, que hoje tem 99% do faturamento correspondente a esse tipo de serviço para empresas.


"O nosso foco não é apenas o pedido do táxi, mas entregar à empresa uma substituição de todo o fluxo de papel por uma solução eletrônica, com todas as informações, para otimizar o processo. A empresa constroi toda a estrutura dela na plataforma da Wappa, planeja o quanto quer gastar em taxi, impõe um limite de utilização, de custo, transaciona créditos e substitui vouchers e boletos", explicou ao DCI o CEO da Wappa, Armindo Mota Júnior, ressaltando que a solução pode reduzir em até 40% os gastos das empresas com esses serviços.


O principal objetivo do atendimento, ainda de acordo com Mota Júnior, são grandes corporações - como Oi, Vivo, Citibank, Itaú e Stephanini -, que chegam a gastar mais de R$ 1 milhão ao mês com a contratação de taxis. "São empresas com grandes números de colaboradores, que atuam no Brasil inteiro. Hoje temos 350 empresas na carteira, 90% devido a um quadro de colaboradores muito grande", afirmou o CEO da Wappa. Com o serviço, a previsão é que a empresa eleve o faturamento de R$ 50 milhões, em 2012, para R$ 90 milhões em 2013.


Investimento


Com o crescimento dessa vertente nos negócios, a Wappa investiu, no último mês, R$ 1 milhão para criar seu novo aplicativo, com a ferramenta de chamadas de táxi, para que o usuário solicite o serviço diretamente do celular, agilizando o processo.


"A chamada do táxi é um plus na nossa companhia e já é compatível com todas as plataformas. O aplicativo tem dois anos e meio e a função da chamada do táxi foi lançada há 30 dias e já representa 20% das chamadas.


Além disso, 60% dos nossos usuários utiliza smartphone, o que pode elevar essa participação a 80% dentro de um ano", disse Mota Júnior.


Com o crescimento da demanda para empresas, a Easy Taxi criou também o Easy Taxi Pró, aplicativo destinado a estabelecimentos que necessitem agendar pelo menos três corridas simultaneamente.


"Foi um produto complementar que criamos baseados nas necessidades de estabelecimentos como hotéis, restaurantes, etc. Essas empresas tinham que chamar mais de um taxi por vez, então criamos a solução que possibilita que isso seja feito, fornecendo ainda o status das corridas e os dados do motorista gravados no software", explicou Gomes.


"Isso possibilita, ainda, que passageiros encontrem objetos esquecidos ou perdidos", completou o CEO da Easy Taxi.


O Easy Taxi Pro foi lançado há cerca de um mês e já conta com 2 mil clientes.


"São estabelecimentos checados por nós com análise de CNPJ, treinamento para o estabelecimento, etc. Entendemos que o público que vai usar o aplicativo não estaria familiarizado com o aplicativo, então há esse treinamento", explicou.

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