Apesar de investimentos, safra do MT enfrentará gargalo

Publicado em
22 de Agosto de 2013
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Líder na produção de soja e de milho no País, o Estado do Mato Grosso terá as mesmas dificuldades que enfrentou na safra passada para escoar os grãos que serão produzidos na safra 2013/2014. Embora até o início da colheita, em janeiro, o estado poderá contar com novas obras de infraestrutura de transporte e armazenagem, elas só serão capazes de absorver parte do volume de grãos produzido a mais na comparação com a safra passada.

"O crescimento [da safra de soja] vai ser direcionado basicamente para os portos do Norte", afirmou o diretor executivo do Movimento Pró-Logística, Edeon Ferreira. "Aliviaria pouca coisa pelo Sul."

A previsão do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) é que o estado produza 25,27 milhões de toneladas de soja na próxima safra, um aumento de 7,26% no volume colhido. O cálculo é baseado na estimativa de aumento de área de 7,89 milhões de hectares no período 2012/2013 para 8,27 milhões hectares, e de aumento de 1,2% na produtividade sobre 3,1 toneladas por hectare.

A maior aposta para que esse excedente de produção seja escoado pelo Norte é a conclusão das obras de pavimentação da BR-163, prevista para dezembro. Se entregue no prazo, a rodovia federal garantirá acesso da próxima colheita de soja para o Terminal Portuário de Miritituba, no Pará, que por sua vez garantirá escoamento do grão pelos portos de Santarém e Vila do Conde. No ano passado, 18% da safra de soja do estado, estimada em 23,5 milhões de toneladas, foram escoados pelos portos do Norte do País.

Ferrovia controversa
Outra obra de infraestrutura que estará pronta para receber a próxima safra de grãos é o Terminal Ferroviário de Rondonópolis, o quarto terminal da Ferronorte. O terminal e os novos 360 quilômetros de Ferrovia do Alto Taquari até Rondonópolis estão programados para serem inaugurados em setembro deste ano.

Segundo o secretário extraordinário de Acompanhamento da Logística Intermodal de Transportes de Mato Grosso, Francisco Vuolo, a obra retirará das estradas entre 5 milhões e 6 milhões de toneladas de grãos por ano. Hoje a Ferronorte transporta 12 milhões de toneladas por ano.

Para o ano que vem, o governo mato-grossense planeja finalizar os estudos técnicos, iniciados em abril, para a construção de mais 2 mil quilômetros de trilhos da Ferronorte até Santarém. Seriam 200 quilômetros entre Rondonópolis e Cuiabá e 1,8 mil quilômetros entre a capital e Santarém. O investimento para a construção dos dois trechos é estimado em R$ 11,5 bilhões e podem aumentar o potencial de carregamento em 10 mil toneladas "É um terminal muito eficiente, com grande ocupação. Vai ter condição de carregar duas composições ao mesmo tempo."

Segundo o secretário, já há grupos nacionais e internacionais interessados na concessão do trecho entre Rondonópolis e Cuiabá, já que se trata de um trecho pequeno. A perspectiva é que a licitação seja aberta já no próximo ano, assim que for concluído o estudo de viabilidade técnico e ambiental da Ferrovia.

Apesar do otimismo do secretário, o diretor executivo do Movimento Pró-Logística alerta que é preciso que a concessionária da Ferrovia, a ALL, aumente o número de composições "para que haja maior volume saindo".

Menos controversa é a Ferrovia de Integração do Centro-Oeste (Fico), cujo edital de licitação está programado para sair em 13 de dezembro.

Entrave nas rodovias estaduais
Apesar das novas Ferrovias e rodovias federais darem uma perspectiva de menor pressão sobre a logística de escoamento dos grãos, Edeon Ferreira aponta que os investimentos não terão resultado se não for investido na malha rodoviária estadual. O Mato Grosso possui 30 mil quilômetros de rodovias, mas apenas 19% é asfaltada. Mesmo assim, Ferreira diz que boa parte dessa parcela está em más condições de circulação.

O Movimento Pró-Logística entregou ao governo estadual um projeto para garantir a manutenção e a pavimentação de 120 trechos, dos quais 20 seriam pavimentados pelo estado. "Mas o governo do estado não tem recurso nem tem se esforçado para equacionar esse problema", acusa o diretor do movimento. Ele calcula que seriam necessários R$ 600 mil para ampliar a malha rodoviária do estado e R$ 270 mil ao ano para conservá-la.

Já o secretário de Logística Intermodal afirma que o foco do governo é o programa Mato Grosso Integrado, que planeja construir 2 mil quilômetros de estradas para os 44 municípios que ainda não têm rodovias asfaltadas.

Melhora só em 2015
O setor produtivo acredita que o fim da fila de caminhões nos portos, do "armazenamento a céu aberto" dos grãos e outros problemas só começarão a serem solucionados em 2015. "Na safra 2015, vamos estar mais preparados, vai aumentar o fluxo [de escoamento] pelo norte. Agora vamos começa a entrar num processo lento de redução do fluxo do sul e sudeste", diz Ferreira.

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