Apesar de alta da receita, setor de serviços recua 2,2%, quando descontada a inflação, calcula CNC

Publicado em
19 de Novembro de 2014
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IBGE informou avanço de 6,4% no faturamento, uma recuperação frente aos meses anteriores

Apesar da alta de 6,4% na receita nominal registrada em setembro, o setor de serviços registrou a sétima queda real — quando descontada a inflação — consecutiva, segundo cálculos da Confederação Nacional de Bens, Serviços e Turismo (CNC). De acordo com a entidade, o segmento registra queda de 2,2%, quando a forte alta de preços do setor, de 8,6%, é considerada.

Atualmente, o cálculo — chamado de deflator — ainda não é feito de forma oficial pelo IBGE. Mas, para a CNC, é seguro dizer que os números positivos que o setor vem registrando são resultado apenas do "efeito preço". Ou seja, a receita sobe, não porque há aumento no volume de vendas, mas porque os valores estão mais altos.

Para Fábio Bentes, economista da CNC, o resultado de setembro, maior que os 4,6% de agosto, ainda não indica uma recuperação mais sólida do setor.

— De fato, o resultado de setembro está longe do de agosto, mas também está longe de mostrar recuperação. Pro setor de serviços fechar o ano anulando o efeito da inflação (crescimento zero), teria que crescer nominalmente 14,5% no último trimestre do ano, comparado ao último trimestre de 2013. E isso não vai acontecer — estima o especialista.

Não seria a primeira vez que o desempenho real de serviços fecharia o ano no negativo. No ano passado, o setor fechou com alta nominal acumulada de 8,5%, mas a inflação fechou em 8,7%, segundo levantamento da CNC. Dos útlimos 13 resultados, só cinco indicaram alta real. O mais recente foi um aumento de 1,3% em fevereiro, favorecido por um avanço de 10,1% no faturamento nominal, combinado com uma inflação mais baixa, de 8,2%.

Flavio Combat, economista-chefe da consultoria Concordia, destaca que a pressão sobre os preços dos serviços é fruto de dois fatores: aumento da demanda e crescimento da renda. Apesar da desaceleração da atividade econômica, os efeitos desse cenário persistem, mantendo a inflação de serviços acima da média.

— A gente tem uma economia de fortalecimento da classe média, que passa a demandar serviços aos quais não tinham acesso até então. Os serviços relacionados a turismo são um bom exemplo disso. É um fator de pressão pelo lado da demanda. Outro elemento é o crescimento da renda real — analisa Combat, que projeta que o IPCA de serviços fechará o ano em 8,3%.

TRANSPORTES PUXARAM ALTA MENSAL

Nos primeiros nove meses de 2014, o setor de serviços tem avanço de 6,6%. Já no acumulado em 12 meses, a alta é de 7,1%. A principal contribuição para a alta mensal veio do desempenho do setor de serviços de informação, cuja receita cresceu 2,7% — avanço maior que os registrados em julho e agosto. O IBGE também destacou a contribuição do segmento de transportes e correio, que registrou alta de 6,5%, bem superior às taxas de 3,2% de agosto e de 4,6% de julho.

De acordo com o instituto, os dois segmentos têm peso de 66,4%. Só os serviços de informação têm impacto de 35,7% sobre o levantamento. Com o resultado de setembro, o peso na taxa relativa passou de 13,3% para 14,1%, entre agosto e setembro.

Ainda em relação aos resultados para o mês, o IBGE disse que os serviços prestados às famílias desaceleraram a alta para 5,4%, após terem avançado 9% em agosto. Já a receita dos serviços profissionais e administrativos (como consultorias, que costumam ser mais caros) teve alta de 11,1%, maior que as registradas nos meses anteriores. O segmento tem peso de 35,9% sobre a pesquisa.

O instituto também divulgou os dados para o trimestre. Entre julho e setembro, a receita do setor de serviços cresceu 5,1%, na comparação com o mesmo período do ano passado. Foi a menor taxa nesse tipo de comparação desde o início da série histórica, em 2012.

A Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) começou a ser divulgada em janeiro de 2012. Naquele ano, o setor fechou com crescimento acumulado de 10%. O desempenho, no entanto, desacelerou ao longo dos meses e, no ano seguinte, o avanço foi de 8,5%.

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