Apenas 2,8% das estradas mineiras têm pista duplicada

Publicado em
19 de Julho de 2012
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Minas Gerais tem 33 mil km de estradas federais e estaduais, mas apenas 936 km são duplicados. O montante corresponde a 2,8% do total e justifica grande parte dos problemas enfrentados pelos motoristas, como longos congestionamentos e o risco constante de acidentes graves. O Estado tem ainda 238 mil km de estradas municipais, mas não há um levantamento sobre elas.

A maioria dos trechos duplicados é federal: são 781 km duplicados entre os 6.400 km de BRs - o equivalente a 12,2% do total. Nas estradas sob a gestão do Estado (estaduais e delegadas) a situação é pior: são 155 km duplicados em um total de 26.992 km de extensão (0,5%). Segundo o Departamento de Estradas de Rodagem (DER-MG), são 139 rodovias estaduais e apenas dez duplicadas.

Para especialistas em estradas, o número de rodovias duplicadas é muito pouco diante da importância econômica da malha rodoviária. "A duplicação é uma solução para melhorar a capacidade viária e para dar mais segurança ao motorista, porque reduz muito as colisões", explicou o engenheiro civil e mestre em transportes Silvestre Andrade.

Na BR-262, no trecho de 84 km entre Betim e Nova Serrana, por exemplo, a duplicação reduziu em 90% o número de batidas frontais, o tipo de acidente que mais mata no Estado, segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF). Durante seis meses antes da intervenção, foram registradas 20 colisões. Seis meses depois da intervenção, foram apenas duas. Na BR-381, conhecida como Rodovia da Morte, 119 pessoas morreram apenas nos seis primeiros meses deste ano.

O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) informou que as obras dependem da liberação de verba por parte do governo federal e de votação no Congresso. Para agilizar o processo, a promessa da União é repassar, em 2013, as BRs 116 e 040 para a iniciativa privada. As concessionárias ficarão com a missão de duplicar as rodovias. O processo, no entanto, deve levar pelo menos cinco anos.

Já o DER-MG informou que a duplicação depende da demanda, do tráfego, do custo e da disponibilidade de recursos. A última obra feita pelo governo estadual foi a duplicação da MG-010, finalizada em junho de 2007, com investimento de R$ 200 milhões.

Na pele - Quem usa com frequência as estradas conhece bem o problema. "A viagem de Ipatinga a Belo Horizonte, que tem apenas 200 km, é muito mais cansativa e estressante que a de Belo Horizonte a São Paulo, que tem 600 km, mas é duplicada", afirmou o vendedor Railson Rodrigues dos Santos, 41, que já sofreu um acidente na BR-381.

O gerente de logística Carlos Henrique Souza, 40, está sempre viajando e acredita que a impaciência dos motoristas em estradas de pista simples, com fluxo pesado, os leva a se arriscarem em ultrapassagens perigosas. "Há trechos em que você fica seis minutos em uma fila de carros porque lá na frente tem um veículo pesado subindo um morro".

Empoeiradas - Minas. Em 2010, O TEMPO publicou uma série de reportagens sobre as estradas não pavimentadas. Segundo o DER-MG, até dezembro de 2011, a realidade era a mesma de um ano atrás: 7.367 km sem asfalto.

BR–381 - Intervenção não tem previsão de início. O trecho da BR–381, entre Belo Horizonte e Governador Valadares, considerado pela população, por especialistas e pelas autoridades como a de maior urgência de duplicação em todo o Estado, terá, em 25 anos, o dobro do tráfego atual (13,1 mil veículos por dia). Mesmo assim, ele não tem sequer previsão para início das obras.

A projeção de tráfego é de um estudo da Confederação Nacional do Transporte (CNT). Pela estimativa da entidade, em cinco anos, a BR–381 passará a ter tráfego diário de 17,6 mil veículos. Hoje, são 16,3 mil. Para 2022, a previsão é de 19,5 mil e, em 2037, são esperados 26,2 mil veículos por dia na via.

Segundo o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), não se sabe ainda quando a empresa vencedora da licitação será conhecida. Assim, não há previsão para o início das obras.

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