Apagão logístico: empresários frustrados e sentindo-se culpados

Publicado em
29 de Abril de 2010
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Empresários do Polo Industrial de Manaus (PIM) e parlamentares da bancada do Amazonas em Brasília saíram completamente frustrados ontem, à noite, da reunião com o presidente da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), Murilo Marques Barboza. O encontro, onde-se tentava resolver o gargalo das cargas acumuladas no pátio do aeroporto, aguardando a liberação da estatal, foi concluído sem nenhuma solução.

O vice-presidente da Federação da Indústria do Estado do Amazonas (Fieam), Wilson Périco, disse que ontem foi a primeira vez que viu o crescimento da produção industrial apontado como vilão da história e não a deficiência na infraestrutura logística, numa completa inversão de valores.

A única novidade do encontro, sugerida pelo presidente Murilo Barboza, é que as indústrias terão que encaminhar à Infraero até a próxima semana a previsão de cargas que virão para Manaus nos próximos seis meses, a fim de que a estatal possa "se programar". "Infelizmente, não houve solução para curto prazo", lamentou Périco.

O deputado federal Lupércio Ramos (PMDB/AM), que costurou a reunião em Brasília, também saiu decepcionado e algumas perguntas "ficaram sem resposta". "Questionamos a Infraero sobre a possibilidade de se reforçar a força tarefa para resolver o problema atual e eles disseram que ainda vão estudar o assunto", comentou Lupércio. Além dele, mais três deputados e um senador estiveram no encontro. Ontem, a carga de sete voos foi liberada em Manaus, porém, chegaram mais sete, continuando com o número de 35 voos aguardando liberação da Infraero.

Possível solução - A empresa Aurora Eadi, que atua como terminal privado alfandegado executando operações de movimentação, armazenagem e despacho aduaneiro de mercadorias, propôs ontem às indústrias que toda a carga que chegue por via aérea seja transferida de imediato para o terminal, que é o único porto seco de Manaus.

"Esta é única solução viável e concreta, a curto prazo, para resolver o problema das empresas e para que a própria Infraero consiga respirar", informou o diretor da Aurora Eadi, Kleber Loureiro, ressaltando que a indústria pode optar pelo desembaraço da sua mercadoria em um porto seco, uma vez que este possui toda a infraestrutura aduaneira, incluindo Receita Federal, Anvisa e Ministério da Agricultura.

"Para fazer essa operação é preciso autorização da Receita Federal porque a Aurora Eadi colocará mão-de-obra própria para fazer a despaletização no aeroporto e também o carregamento, só por isso precisa do aval da Receita", acrescentou. A empresa conversou com o órgão, que foi "receptivo" à proposta. "Hoje, entraremos com o pleito, oficialmente, junto à Receita", completou.

Por enquanto, as medidas tomadas pela Infraero para agilizar a liberação ainda não tiveram efeito prático. As empresas continuam paradas por falta dos insumos, retidos no aeroporto. O problema das cargas já se arrasta há um mês e os prejuízos das fábricas ultrapassam os US$ 60 milhões.

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