Anfavea joga toalha para vendas de 2015

Publicado em
06 de Março de 2015
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Montadoras farão revisão das projeções com viés de queda para o ano

SUELI REIS, AB

Após registrar o pior primeiro bimestre dos últimos oito anos em licenciamentos de veículos, a Anfavea, associação das fabricantes, joga a toalha: pela primeira vez, a entidade já admite que haverá queda das vendas em 2015 ao anunciar que fará a revisão das projeções atuais, divulgadas há quase dois meses, no início de janeiro.

-Veja aqui os dados da Anfavea

“Vamos esperar passar março para avaliar melhor. A revisão [das projeções] será divulgada no início de abril: será muito menor [vendas] do que havíamos previsto e trará também mudanças extremamente significativas para produção e exportações”, admitiu Luiz Moan, presidente da Anfavea, durante a apresentação dos resultado da indústria na quinta-feira, 5, em São Paulo.

As primeiras previsões da Anfavea para o ano indicavam que o volume de emplacamentos ficaria estável com relação a 2014 ao alcançar as mesmas 3,49 milhões de unidades. A decisão de revisar os números é claro reflexo do desempenho do setor nos primeiros dois meses do ano, uma vez que março não será suficiente para recuperar as perdas acumuladas de janeiro e fevereiro: “Já esperávamos que o primeiro trimestre seria difícil, mas não nesta intensidade”, afirmou Moan.

O alarde é efeito da queda de 23% dos licenciamentos feitos durante o primeiro bimestre com relação a igual período do ano passado: foram 439,7 mil unidades, entre leves e pesados novos, contra volume de 571,9 mil há um ano. Mas vale lembrar que a base de comparação anual é bastante desequilibrada: janeiro de 2014 foi atípico, registrado como o melhor janeiro da história de vendas do setor, além de fevereiro ter tido mais dias úteis, sem carnaval.

Moan apontou outros fatores que também contribuíram para o tombo das vendas neste início de ano: “O feriado de carnaval, que desta vez foi em fevereiro e não em março, como no ano passado, aliado ao efeito do aumento da alíquota do IPI mais uma certa restrição de crédito, com maior seletividade, mas principalmente pelo nível de confiança do consumidor diante do cenário de ajuste fiscal pelo qual o País está passando”. 

Ele também lembra que as vendas de usados recuaram 6,6% no primeiro bimestre na comparação anual, citando dados da Fenauto, o que segundo o executivo também é reflexo da queda da confiança, que não se restringe apenas ao segmento de veículos novos. “Em 2014, houve um movimento positivo no setor de usados e esta queda é um indicador extremamente preocupante.”

Por segmento, o de caminhões puxou a queda das vendas totais no bimestre ao recuar 39,4% no acumulado do ano, para pouco mais de 12,8 mil unidades. Automóveis e comerciais leves diminuíram 22,5% no mesmo comparativo, para 246,1 mil unidades, e ônibus anotaram retração de 24,2%, para 3,4 mil chassis.

No comparativo mensal, este foi o pior fevereiro desde 2006, segundo a Anfavea, com 185,9 mil unidades, 27% abaixo de janeiro e 28% menor do que igual mês de 2014. “Recuamos para o patamar de vendas de novembro de 2008, com crise mais aprofundada no segmento de veículos pesados.” 

Os dados mostram que a média diária de vendas recuou em todos os comparativos: com 10,9 mil unidades por dia útil de fevereiro, retrocedeu 15,6% com relação ao mesmo mês de 2014 e caiu 13,8% sobre janeiro. Considerando a média do acumulado de dois meses contra os do ano passado, houve retração de 12,7%.

Em sua avaliação geral para o ano, Moan acredita que só haverá retomada a partir do segundo semestre.
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