Analistas veem tombo recorde de 8,2% da indústria em 2015

Publicado em
02 de Fevereiro de 2016
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Depois de seis retrações consecutivas, a trajetória negativa da indústria se amenizou em dezembro do ano passado, avaliam economistas, tendência que deve continuar em 2016. Mesmo assim, o tombo anual da produção em 2015, estimado em 8,2%, em média, pelos analistas ouvidos pelo Valor Data, deve ser o maior da série histórica da Pesquisa Industrial Mensal ­ Produção Física (PIM­PF), que teve início em janeiro de 2002. Em 2009, último período de recessão que o país atravessou, a produção diminuiu 7,1%.

Segundo a projeção média de 16 instituições financeiras e consultorias ouvidas pelo Valor Data, a produção industrial recuou 0,2% em relação a novembro, feitos os ajustes sazonais, seguida de redução de 2,4% na comparação anterior. As estimativas para a produção industrial, a ser divulgada hoje pelo IBGE, vão de queda de 1% até expansão de 0,8%. Segundo Rafael Bacciotti, da Tendências Consultoria, indicadores que
antecedem a variação da produção tiveram desempenho um pouco melhor no último mês de 2015. A expedição de papelão ondulado subiu 2,2% ante novembro, nos cálculos dessazonalizados da consultoria com base em dados da associação do setor, enquanto o fluxo pedagiado de veículos pesados nas estradas aumentou 0,4%. Ainda do lado positivo, a confiança dos empresários medida pela Fundação Getulio Vargas (FGV) se manteve em terreno pessimista, mas avançou 1,1% no período, observa ele.

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Por outro lado, a produção de veículos, que tem peso importante na indústria brasileira, encolheu 1,9% na passagem mensal, também segundo as estimativas de Bacciotti a partir de números da Anfavea (entidade que reúne as montadoras). Juntando todos os índices, a Tendências prevê que a atividade industrial caiu 0,3% em dezembro. "Parece estar se desenhando um cenário relativamente mais favorável para a produção, mas é difícil prever um quadro benigno porque a demanda doméstica segue muito fraca", diz o economista.

Rodrigo Nishida, da LCA Consultores, avalia que o declínio da indústria deve seguir perdendo força em 2016, quando a produção deve recuar 3% em relação a 2015. O patamar mais competitivo do câmbio, que favorece a substituição de importações e a recuperação das exportações em alguns setores, é o único elemento positivo no cenário, avalia. "Há uma melhora nos estoques e na demanda externa. Tudo isso indica que devemos ter uma queda mais amena da produção em 2016", afirma Nishida, para quem a produção diminuiu 0,3% entre novembro e dezembro.

Embora as expectativas para a indústria de transformação sejam menos pessimistas, Nishida pondera que o mesmo não vale para a atividade do setor extrativo, em forte retração devido ao rompimento de uma barragem de rejeitos de minério em Mariana (MG). Em novembro, a produção da indústria extrativa caiu 10,9%, também afetada pela greve dos petroleiros da bacia de Campos.

A paralisação dos funcionários terminou no mês seguinte, diz o economista, mas a queda na produção extrativa mineral deve ter se acentuado em dezembro, dado que os estoques de minério da Samarco se encerraram e, assim, a empresa não conseguiu transformar a commodity em pelota de ferro, conforme vinha fazendo nos meses anteriores.

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