Ampliação de fábrica de celulose consome 3 Maracanãs em concreto

Publicado em
29 de Setembro de 2016
compartilhe em:

Fibria, em Três Lagoas, está construindo uma nova linha de produção. Nesta terça-feira, obra teve marco com içamento de 'tubulão da caldeira'

A construção da segunda linha de produção de celulose da Fibria, em Três Lagoas, na região leste de Mato Grosso do Sul, que foi iniciada em 2015 e tem previsão de estar concluída no quarto trimestre de 2017, vai consumir até seu término 225 mil metros cúbicos de concreto, o equivalente, conforme a própria empresa, ao que seria utilizado para construir três estádios iguais ao Maracanã, no Rio de Janeiro. A quantidade de aço de construção que o empreendimento demanda também é expressiva, 20 mil toneladas, o que seria equivalente a quase três torres Eiffel, de Paris, na França.

Chamado de projeto Horizonte 2, a segunda linha de produção da Fibria está com 54% da obra física concluída. A empresa está investindo no empreendimento U$ 2,3 bilhões, o equivalente a aproximadamente R$ 7,7 bilhões. Parte dos recursos são próprios e o restante vem de financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste (FCO) e agências internacionais de fomento.

A segunda linha terá capacidade para produzir 1,95 milhão de toneladas de celulose por ano. Somada a linha que já está em atividade, elevará a capacidade da unidade de Três Lagoas, dos atuais, 1,3 milhão de toneladas, para 3,25 milhões de toneladas, consolidando ainda mais a liderança e a competitividade da empresa, que já é o maior player global de produção de celulose de fibra curta, com um total de 5,3 milhões de toneladas, somando o processamento das plantas de Jacareí (SP), Aracruz (ES) e Eunápolis (BA), além da sul-mato-grossense.

'Capital da celulose' terá estudo para crescimento sustentável em MS

De acordo com a empresa, para atender a nova linha a empresa a empresa precisa de 187 mil hectares cultivados com eucalipto. Desse total, já tinha plantados, como excedente da produção da fábrica em atividade, 105 mil hectares. A diferença, a empresa está cultivando.

Atualmente, 43% da produção da empresa é destinada a Europa, 25% a América do Norte, 24% a Ásia, principalmente a China, e 8% a América Latina, totalizando 40 países. Uma das empresas que compram matéria-prima da companhia está instalada ao seu lado, em Três Lagoas, a International Paper. A celulose de fibra curta produzida pela Fibria é utilizada para a produção de diferentes tipos de papel: 50% sanitários, 15% especiais e 35% para imprimir e escrever.

Segundo o presidente da Fibria, Macelo Castelli, o projeto a médio e longo prazo da empresa é aumentar cada vez mais sua produção e consequentemente sua participação no mercado, assegurando por meio desse processo uma menor suscetibilidade a variações internacionais de preços e de demanda.

Ele explicou ainda que quando o projeto da nova linha foi concebido, a viabilidade econômica foi assegurada com os técnicos trabalhando nas simulações de mercado com preços ainda mais baixos que os praticados na atualidade, o que assegura muita tranquilidade para a empresa concluir o empreendimento. “Quando a nova linha estiver concluída, a maior parte de sua produção ou a sua totalidade já vai estar comercializada em contratos futuros”, revela.

Marco na obra

Nesta terça-feira (27), a empresa executou dentro do canteiro de obras da nova linha uma ação que é considerada um marco para o projeto. Foi içado a 80 metros, o “tubulão da caldeira”, um equipamento que é considerado essencial a planta. A estrutura é responsável por concentrar todo o vapor gerado na caldeira de recuperação dos produtos químicos utilizados na produção de celulose e encaminhá-lo ao processo de cogeração de energia elétrica da unidade. A planta, além de gerar e consumir a própria energia, passará a ter um excedente adicional de 130 MWH, suficiente para abastecer uma cidade de 1,1 milhão de habitantes, e que será vendido ao sistema elétrico nacional.

O “tubulão” é uma das peças mais pesadas do projeto, 200 toneladas. Para içar o equipamento e também outras peças da caldeira, que tem uma estrutura metálica de 4.000 mil toneladas, a empresa trouxe de São Paulo o guindaste Manitowoc 18000, um dos maiores do país, que tem capacidade para erguer até 800 toneladas. Somente a roda do contrapeso do guindaste tem mais de três metros de diâmetro.

Especialmente para acompanhar o procedimento, esteve no canteiro de obras, Wolfgang Leitner, CEO da Andritz, empresa austríaca responsável pelo fornecimento da maior parte dos equipamentos que estão sendo utilizados na planta. “Temos mais de três mil funcionários no Brasil e estamos sempre dispostos a pensar em novas soluções tecnológicas, inovações e novos produtos, para atender demandas como a que a Fibria nos fez para este projeto, que deve se tornar uma nova referência para o setor”, analisou.

O presidente da Fibria diz que o cronograma de execução da obra está rigorosamente em dia e creditou esse resultado a inovações e uso de novas tecnologias em diversos processo executados na obra, como o uso, por exemplo, de estruturas pré-moldadas que asseguram mais agilidade, segurança  e economia. Ele apontou que em toda a construção devem passar pelo canteiro aproximadamente 40 mil trabalhadores, sendo que o pico da obra deve ocorrer nos próximos meses com o avanço da construção física e da instalação de equipamentos.

Logística

Segundo o gerente geral de engenharia do projeto, Maurício Miranda, quando a nova planta estiver em operação deve gerar 3 mil empregos diretos e indiretos. Para escoar sua produção a empresa vai utilizar uma nova logística. A celulose da fábrica atual sai de caminhão da planta e segue até o terminal da ALL em Três Lagoas, de onde segue por trem até o porto de Santos (SP). Para a nova linha, a opção da empresa será levar por rodovia a produção até Aparecida do Taboado, também em Mato Grosso do Sul, e embarcá-la em uma outra malha da ALL, que seguirá também para o porto paulista. Essa malha, de acordo com ele, tem trilhos com bitola larga, o que possibilita mais velocidade no transporte, composições maiores e com maior capacidade de carga.

Desenvolvimento local

Miranda destacou ainda que na implantação da nova linha, a Fibria mantém contrato com 60 fornecedores locais e que a geração de impostos nos níveis federal, estadual e municipal vai chegar a R$ 450 milhões ao longo da execução do empreendimento. Para atender somente os trabalhadores do canteiro de obras, a empresa construiu no local uma refeitório que deverá servir 3,9 milhões de refeições durante a execução, onde serão consumidos 7,3 milhões de pães, 550 mil litros de leite, 3 mil toneladas de carne e 520 toneladas de arroz e feijão, entre outros alimentos. Esses produtos alimentariam 15 mil famílias por 1 mês. Além disso, o local conta também com ambulatório próprio, com duas ambulâncias.

Boletim Informativo Guia do TRC
Dicas, novidades e guias de transporte direto em sua caixa de entrada.