Amazon em chamas

Publicado em
18 de Setembro de 2019
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A gigante americana do varejo coloca fogo na disputa pelo bolso do consumidor brasileiro com o lançamento de seu programa de fidelidade – que inclui serviços de streaming e entregas rápidas – a R$ 9,90 ao mês

Um encontro ao acaso. A porta do elevador se abre e nele está Alex Szapiro, a principal figura de liderança da Amazon no Brasil. Não era algo combinado. Alguns segundos depois, nós passamos do sétimo ao quinto andar do Edifício Complexo JK, arranha-céu corporativo anexo ao shopping JK Iguatemi, em São Paulo. O semblante sorridente não nega que Szapiro guarda uma boa história para contar. Era 6 de setembro. A Amazon anunciava, em primeira mão, que estava trazendo o seu plano de fidelidade para o Brasil. O Amazon Prime, conhecido por revolucionar o mercado de consumo a nível global, foi lançado oficialmente dias depois, na terça-feira 10. A cesta de serviços é formada por frete gratuito e acesso ilimitado a serviços de filmes, músicas, vídeos sobre jogos e a uma seleção rotativa de livros digitais. São distintas plataformas a um preço convidativo: R$ 9,90 ao mês – ou R$ 89 no plano anual. “É um dia histórico para nós”, afirma Szapiro. “Nós vínhamos trabalhando há bastante tempo para ter certeza que ofereceríamos um serviço com qualidade e a um bom preço”.

Para se ter uma ideia do tamanho desse serviço, é preciso somar o valor oferecido por suas concorrentes no Brasil. A assinatura mensal mais básica da Netflix, rival do serviço de streaming de filmes e séries audiovisuais Amazon Prime Video, custa R$ 21,90. Já o serviço de música líder de mercado, o Spotify, não sai por menos que R$ 16,90 ao mês. E a mensalidade premium do aplicativo de entregas Rappi é avaliada em R$ 20. A aposta vai de encontro a outro grande investimento realizado neste ano. Em janeiro, a empresa inaugurou um centro de distribuição com 47 mil m² em Cajamar, região metropolitana de São Paulo. Hoje, não há mais dúvida de que a empresa vai investir pesado para conquistar o bolso e o coração do consumidor brasileiro. “A Amazon tomou a decisão de fazer do Brasil um mercado importante para a empresa em 2019”, diz Ana Paula Tozzi, CEO da AGR Consultores. “Eles já superaram os desafios logísticos do País. Já estão operando com centro de distribuição próprio. Agora, vão buscar crescer sua participação de mercado de forma agressiva”.

 

Com o serviço de fidelidade, também chega ao Brasil o Amazon Music, que conta com 2 milhões de músicas disponíveis para os assinantes Prime. Nessa linha, há também a opção de assinar o Amazon Music Unlimited, que é um serviço mais completo, com mais de 50 milhões de músicas e um custo de R$ 16,90 por mês. O selo de entregas Prime, por sua vez, estará voltado apenas a produtos vendidos pela própria empresa em seu e-commerce. Isso acontece por conta da necessidade de se cumprir o prazo de entregas dos pedidos. Na região metropolitana de São Paulo, por exemplo, o cliente recebe o produto em casa em dois dias. A ideia, no entanto, é que outros revendedores recebam o selo de entrega Prime com o passar do tempo. “Nós estamos desenvolvendo um piloto com alguns terceiros. Eles também terão selo Prime no futuro”, afirma Szapiro.

O executivo ainda ressalta que, para a plataforma de vídeos, a Amazon já está desenvolvendo conteúdos próprios no Brasil. Exemplo disso é a série documental de cinco episódios “Tudo ou Nada”, que acompanha a trajetória da seleção brasileira de futebol na última Copa América. O conteúdo será lançado no Amazon Prime Video no primeiro trimestre de 2020. As novidades não param por aí. Até o fim deste ano, a Alexa, assistente virtual da Amazon, será lançada em português do Brasil. Hoje, o serviço atende a comandos de voz em inglês, francês, alemão, japonês, italiano e espanhol. Demorou, mas é inegável dizer que o Brasil hoje faz parte dos planos da Amazon. A concorrência que se cuide.

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