Amazon contrata Luft, de logística, para distribuir livros no Brasil

Publicado em
07 de Abril de 2014
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A Luft atendia a operação de comércio eletrônico do Carrefour, desativada no fim de 2012. Portanto, a empresa de logística já conta com uma estrutura montada para atender a Amazon. O centro de distribuição deve ser o mesmo que abrigava os produtos do Carrefour na região de Itapevi, em São Paulo.

A Luft é uma das maiores empresas de logística do país, com atuação nacional e escritórios em São Paulo, Belo Horizonte, Brasília, Goiânia, Porto Alegre, Rio e Espírito Santo. Referência na distribuição de produtos farmacêuticos e agrícolas, a Luft fatura cerca de R$ 900 milhões por ano.

Os primeiros itens a serem distribuídos pela Amazon serão livros impressos. As maiores editoras do país já fecharam parceria com a vareja americana e algumas delas enviaram os primeiros lotes de livros nesta semana. A expectativa do mercado é que as vendas sejam iniciadas até o fim de maio. Assim como na Apple, a Amazon tem uma cultura de centralização de decisões. Isso significa que o lançamento de produtos e serviços é decidido pela matriz e comunicado à operação local com poucos dias de antecedência.

Ainda de acordo com fontes do setor, o volume de livros que está sendo enviado à Amazon ainda não é expressivo, uma vez que nesta primeira etapa a estratégia da varejista americana é ter um catálogo de títulos bem diversificado. Os best-sellers e as obras importadas farão parte desse catálogo. As editoras brasileiras estão vendendo seus livros para a Amazon pelo mesmo preço do praticado em outras lojas virtuais. Para liderar essa área de livros físicos, a varejista contratou um executivo da editora Campus-Elsevier, Rodrigo Mentz, em fevereiro. Na Europa, a Amazon também enfrentou dificuldades para negociar abatimentos com as editoras locais.
Após as vendas de livros, o mercado acredita que o próximo passo da Amazon será a comercialização de CD, DVD e games.

A maior companhia de comércio on-line do mundo adotou uma política bastante cautelosa no Brasil. Durante 2013, fez vários testes enviando encomendas pelo Correio e essa cautela não é à toa. Em 2011, em sua primeira incursão no país tentou sem sucesso fechar com as editoras brasileiras contratos com desconto de até 70% para os livros digitais. O abatimento acabou ficando em cerca de 30%.

No mês passado, a Amazon fechou parceria com o Ministério da Educação (MEC) para converter 200 títulos de livros didáticos para o formato digital. No resto do mundo, a varejista não atua no segmento de obras escolares. De acordo com fontes do setor, o objetivo da Amazon é formar um banco de dados com os professores e alunos que acessarem esse conteúdo on-line. A Amazon é conhecida por sua plataforma de logística extremamente eficiente e "inteligente", capaz de elaborar rapidamente o perfil dos clientes por meio de suas compras.

A varejista americana desembarcou oficialmente no Brasil no fim de 2012, vendendo inicialmente livros digitais. Já o Kindle, leitor digital da companhia, era comercializado somente em redes varejistas até fevereiro, quando a própria Amazon começou a vender seus aparelhos por meio do site. A distribuição do Kindle está a cargo da Allied Brasil, de acordo com executivos do setor.
O início das vendas foi considerado um teste para uma operação mais abrangente no país. "Não fazemos testes. Só fazemos um lançamento quando temos certeza de que podemos oferecer a melhor experiência para o consumidor", disse Alex Szapiro, vice-presidente da Amazon no Brasil, durante entrevista concedida em fevereiro.

Em 2013, a companhia também lançou no país a loja de aplicativos para aparelhos com sistema operacional Android.

No quarto trimestre do ano passado, a Amazon apresentou um resultado que frustrou as expectativas dos analistas. As estimativas indicavam um lucro líquido de US$ 0,66 por ação, mas a companhia apresentou US$ 0,51. A receita líquida subiu 20%, para US$ 25,6 bilhões, próximo das estimativas de US$ 26 bilhões. Para o primeiro trimestre, a companhia alertou para um possível prejuízo operacional como consequência dos investimentos destinados à expansão de suas operações na área digital.

Procuradas pela reportagem, Amazon, Luft e editoras não deram entrevista.

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