O aumento nos valores é resultado do reajuste do preço do óleo diesel
A paralisação de caminhoneiros que começou segunda-feira, 21 de maio, e se mantém nesta terça-feira, 22, tem afetado a movimentação de mercadorias em pelo menos 20 estados do Brasil. O ato é uma manifestação a respeito dos preços do óleo diesel, que apresentam preços elevados e refletem em todo setor de transportes no país. Entre as regiões que apresentam paralisações estão os estados da Bahia, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, entre outros.
Segundo o analista de projetos do Grupo ESALQ-LOG, Samuel Neto, a principal reclamação é a diferença do preço final do óleo diesel entre Brasil e Estados Unidos, diferença causada pela taxação do produto. “Um fator fundamental para continuidade ou intensidade que vamos ver nessa greve é um posicionamento por parte do governo a respeito dessa taxação. Particularmente acho que esse posicionamento é um pouco complexo, principalmente pelas necessidades atuais do governo e quanto a receita do governo que não está com os cofres favoráveis para reduzir essas taxas”, explica o especialista.
Os valores observados no preço do combustível refletem principalmente nos preços dos fretes, que apresentam alta em comparação ao registrado no ano anterior. Dados do Grupo ESALQ-LOG indicam um aumento de cerca de R$15 na rota de grãos de Rio Verde (GO) para Santos (SP) entre os anos de 2017 e 2018, enquanto a rota Primavera do Leste (MT) para Santos (SP) registrou fretes de R$213 em 2017 e R$247 neste ano. Tal aumento indica o reajuste dos preços do combustível nos valores de fretes. Neto ainda completa que tem notado que “essa reivindicação quanto ao diesel é forte, principalmente no setor de cargas gerais e de fretes de retorno. Quando observamos os grãos, notamos que o frete entre os anos de 2017 e 2018 está remunerando os reajustes de combustível”.
Informações coletas através dos indicadores de fretes do ESALQ-LOG, obtidas com base em dados reais do mercado, indicam ainda que os outros setores em que a economia ainda está sofrendo o revés da crise acabam não conseguindo remunerar de forma substancial o frete, o que resulta em não suprir os reajustes de custo. “Essas greves são típicas em ano de eleição, e como nas últimas greves que aconteceram no agronegócio, estão acontecendo em intervalos de colheita. Se essa paralisação acontecesse no período de colheita de milho ou de soja, ela teria um impacto ainda mais direto no agronegócio. Estamos em um momento fundamental da greve, que é seu alicerce, quando ela está iniciando, e isso via determinar o quanto ela vai durar”, completa Neto.