Agroindústria de SC paralisa atividades por bloqueios nas rodovias

Publicado em
24 de Fevereiro de 2015
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Cerca de oito mil funcionários de quatro unidades da agroindústria Aurora Alimentos, no Oeste catarinense, vão parar as atividades a partir de terça-feira (24). A empresa decidiu interromper a produção pois não consegue escoar os alimentos, devido ao bloqueio em trechos da rodovias do estado. Há seis dias, caminhoneiros protestam na região pela alta abusiva do combustível.

A empresa produz suínos, frangos e processa leite. O transporte de matérias-primas - leite cru, aves, suínos e rações - utilizadas pela companhia ficou comprometido. Ao todo, a agroindústria tem 23 mil funcionários. As unidades de Abelardo Luz, Joaçaba, São Miguel do Oeste e Xaxim, todas no Oeste do estado, vão ter o funcionamento interrompido.

Conforme as informações em tempo real do mapa interativo da Polícia Rodoviária Federal (PRF), até as 20h desta segunda (23), caminhoneiros bloqueavam 14 pontos em rodovias federais em Santa Catarina. Trechos da BR-470, BR-282, BR-163, BR-158, BR-153 e BR-116 foram fechados.
De acordo com a companhia, "faltam insumos e embalagens nas Indústrias, combustíveis para a frota, espaço para armazenagem". A partir de terça, a Aurora deve deixar de produzir por dia 900 mil frangos, 18 mil suínos e processar 1,5 milhão de litros de leite.

"No geral das carretas frigoríficas, temos 170 cargas que não conseguimos seguir viagem contando as que estão nas estradas mais o carregamento de hoje [segunda]. A alimentação de suínos e aves começa a ser prejudicada e animais já estão sem ração", informou a empresa. A Aurora comunicou ainda que há 100 contêineres para exportação parados nas estradas que seriam enviados para os portos do estado.

Caso o bloqueio continue durante a terça, todo o complexo agroindustrial da empresa deve parar na quarta (25), informou a assessoria da empresa.

Coleta de leite foi interrompida
O presidente do Sindicato das Indústrias de Laticínios e Produtos Derivados (Sindileite), Valter Antonio Brandalise, informou nesta segunda que 100% na coleta de leite no estado está interrompida por falta de transporte devido à greve de caminhoneiros.

Segundo o presidente do Sindileite, falta caminhões para coletar o produtos nas produções rurais, nos postos de resfriamento e também para levar da indústria para o mercados. O presidente ainda calcula que o setor leiteiro já amargue um prejuízo de R$ 1 milhão.

"Esta decisão foi tomada em virtude dos bloqueios das estradas, a impossibilidade de coletar o leite e levá-lo até as indústrias, falta de caminhões, caminhões presos em bloqueios, produto final impossibilitado de chegar ao mercado, alto custo da operação, perda de matéria-prima e a insegurança estabelecida em praticamente todas as regiões produtoras do estado", detalha a nota do Sindicato.
O secretário de Agricultura de Santa Catarina, Airton Spies, disse que o governo estadual deve tentar todas possibilidades de conversações. "Esgotada as conversações, o Estado tem obrigação de manter a ordem no território, temos que garantir o direito de ir e vir, vai ser cumprida a lei", afirmou.

Reivindicações
O protesto começou na última quarta (18) e não há previsão de término. Os manifestantes reivindicam melhores condições nas rodovias da região e protestam contra o aumento no valor de combustíveis.
Há centenas de caminhões de carga parados em rodovias catarinenses. O abastecimento de combustível foi afetado e a paralisação de caminhões começa a afetar também a agroindústria.

Consumidor afetado
Além da possível falta de leite ao consumidor, a Associação Catarinense de Supermercados (ACATS) realizava, até a tarde desta segunda (23), um levantamento para saber os prejuízos no abastecimento de alimentos em Santa Catarina. Segundo nota da entidade, há sinais pontuais de desabastecimento.
"O caso mais sério é no Extremo Oeste, onde se concentra o movimento dos caminhoneiros. Na maioria das regiões do Estado a situação é normal, mas ela tende a se complicar caso os bloqueios atuais permaneçam ou sejam ampliados", disse o diretor executivo da entidade, Antonio Carlos Poletini.

Alimentos perecíveis, frutas e legumes são os produtos com problema de abastecimento. Há problemas considerados ainda "bem pontuais" na Serra. Nas demais regiões a situação é considerada normal.

Falta de combustíveis
A manifestação de caminhoneiros no Oeste de Santa Catarina causa prejuízos na região. Pelo menos três postos de São Miguel do Oeste estão sem combustível nas bombas.

Reforços nas rodovias federais
Nesta quarta (18) a Polícia Rodoviária Federal (PRF) vai enviar reforços ao Oeste de Santa Catarina nos trechos de rodovias onde ocorrem protestos de caminhoneiros.

Por enquanto, a PRF não fala em número de agentes para fazer o reforço. Todos os policiais são de Santa Catarina e está se estudando a possibilidade e trazer guarnições de outros estados.
"A nossa preocupação é porque ontem [domingo] houve alguns abusos. Houve bloqueios, ataques a caminhoneiros, acidentes, pessoas que ficaram presas", explicou o chefe da Comunicação da PRF, Luiz Graziano.

Na tarde desta segunda, irá ocorrer uma reunião na região Oeste com os agentes que fazem parte do reforço. A cidade e o horário não haviam sido definidos até a publicação desta reportagem.
Os manifestantes reivindicam melh

Trechos
A PRF divulgou os trechos onde ocorrem as manifestações nesta segunda. Segundo a polícia, veículos de passeio, ônibus e caminhões com carga perecível passam normalmente.

São abordados os caminhoneiros que levam carga seca. Não há previsão para o fim das manifestações, informou a PRF.

Confira os trechos na lista abaixo:
BR-116 - km 54, em Papanduvas
BR-153 - km 64 em Irani e km 97 em Concórdia
BR-158 - Cunha Porã, km 109, e em Palmitos no km 139
BR-163 - Guaraciaba (km 87, trevo de Anchieta. Máquinas agrícolas na pista e canteiros) e São José do Cedro (km 101)
BR-282 - Campos Novos (km 317), Xanxerê (km 504,4), Nova Erechim (km 571,3), Maravilha(trevo, km 605), São Miguel do Oeste (trevo, km 645,6)
BR-470 - Campos Novos (km 339,6) e em Pouso Redondo (km 174)

Por causa dos caminhões parados, alguns postos de combustível do Oeste do estado apresentam falta do produto.

Orientações
A PRF orienta os motoristas, tantos os de carros de passeio quanto caminhoneiros, que não tentem forçar a passagem caso haja um bloqueio durante a manifestação. Essa atitude pode provocar um confronto.

Reunião em Salvador
Representantes da Federação das Empresas de Transportes de Cargas e Logística no Estado de Santa Catarina (Fetrancesc) esteve no domingo (22) com os caminhoneiros.
De acordo com o presidente da entidade, Pedro Lopes, foi pedido aos manifestantes que escolhessem representantes e apresentassem a pauta de reivindicações.

Ele afirmou em entrevista ao Bom Dia Santa Catarina que levará os pedidos à reunião do Conselho Nacional de Estudos em Transporte, Custo, Tarifa e Mercado (Conet), que trata do estudo de planilhas para ver o custo do transporte.
A reunião vai ocorrer em Salvador nesta terça.

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