Afinal, com quem você concorre? Como isso afeta Transportadoras e Operadores Logísticos?*

Publicado em
08 de Novembro de 2016
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Além de nos preocuparmos com o nosso próprio negócio, precisamos ainda estar atentos à ação da concorrência. Mas, afinal, com quem você concorre?
 
Na indústria automobilística sempre testemunhamos a ocorrência de diversas disputas travadas entre corporações norte-americanas, europeias e asiáticas. Tradicionais empresas como Ford, General Motors, Volkswagen, Fiat, Chrysler, Toyota, Honda, Peugeot, Citroen, Nissan, Mercedes Benz, Audi, BMW, Volvo, Jaguar, Land Rover, JAC Motors, Lifan, etc., investem, a cada ano, gigantescas somas em novas tecnologias, em materiais mais leves e resistentes, em equipamentos menos poluentes, em itens de maior conforto e segurança, etc.
 
A briga é grande, e quando parecia restrita e esse seleto grupo de montadoras e a inovadora Tesla, eis que surgem duas novas ameaças: Google e Apple! Sim, duas empresas voltadas à tecnologia, que estão desenvolvendo carros autônomos. 
 
O mesmo raciocínio serve para o setor aeronáutico dominado por Airbus, Boeing, Embraer, Bombardier, Mc Donnell Douglas, etc. A Honda acabou de entrar no mercado, ainda de forma tímida, com o HondaJet. Outras empresas farão a mesma coisa. Pode levar tempo, mas ocorrerá. Em alguns anos os carros terão asas, e muita gente terá seu jato particular.
 
A mesma coisa acontece no setor hoteleiro, onde a batalha não é diferente, já que grandes grupos dominam o mercado, como Accor, Marriott, Best Western, Carlson, Meliá, Hilton, Intercontinental, Starwood, etc.
 
Quando a concorrência parecia limitada a eles, aparece um aplicativo chamado Airbnb, que transforma qualquer imóvel privativo em uma opção de hospedagem.
 
A Airbnb acabou de fechar um acordo com três grandes empresas de gestão de viagens de negócios nos Estados Unidos: American Express Global Business Travel, Carlson Wagonlit Travel e BCD Travel.
 
Samsung, Sony, Panasonic, LG, Phillips, Semp Toshiba, etc., também investem bilhões de dólares anualmente no desenvolvimento e na fabricação de equipamentos de áudio e vídeo.
 
O mesmo vale para os fabricantes de computadores e câmeras fotográficas. Todos agora concorrem com os smartphones. Será que daqui há alguns anos, teremos uma parafernália de eletroeletrônicos em casa ou tudo será substituído por um celular inteligente?
 
Nada parece ameaçar a indústria farmacêutica e o setor de cosméticos. Mas será que não concorrerão com os alimentos funcionais?
 
Imagine, daqui há alguns anos, você comprando uma laranja reforçada com um poderoso antigripal, que eliminará a necessidade de qualquer remédio. Já pensou em um chocolate que alivia os problemas da TPM?
 
Será que as academias de ginástica e os fabricantes de equipamentos sobreviverão a alimentos funcionais voltados ao emagrecimento e a um melhor condicionamento físico.
 
Não nos transformaremos em atletas amadores apenas por ingerirmos produtos “turbinados”?
 
E a Rede Globo, o SBT, a Record, a Band, a Rede TV, e as TVs por assinatura, será que não precisarão se preocupar mais com a concorrência criada pelos aplicativos ou jogos de realidade aumentada como o Pokemon Go? Será que os jovens terão paciência para ficar à frente de uma TV, ao invés de interagir com seu mundo virtual paralelo?
 
Agora, voltemos ao meio logístico. Com quem uma Transportadora ou um Operador Logístico concorrem? Obviamente diremos que concorrem com outras transportadoras e operadores logísticos, e em alguns casos com agentes de cargas. Será?
 
Talvez concorram com os próprios Embarcadores, que voltaram ou voltarão a operar com recursos próprios ou que estejam criando suas próprias empresas prestadoras de serviços logísticos. Não estranhe se surgir a Souza Cruz Serviços Logísticos, ou a Cargill ou Bunge Logistics.
 
Empresas de grande porte, que contam com know-how específico ou que lidam com gigantescos volumes de cargas, poderão avaliar essa possibilidade, como é o caso de BRF, JBS, Gerdau, Votorantim, Suzano, Cosan, Fibria, Raizen, etc.
 
Transportadoras e Operadores Logísticos também concorrem com empresas que se assumem como “consultorias”, destinadas à gestão da conta frete, que prometem “milagres” a seus clientes ao reduzir o montante gasto com o transporte de cargas.
 
E cada vez mais concorrerão com empresas de tecnologia, que assumirão o papel de aproximar os Embarcadores (que detêm a carga) dos prestadores de serviços logísticos (que detêm os ativos ou a capacidade de gerenciar a operação).
 
É o que chamamos tecnicamente de 4PL (Fourth Party Logistics), empresas com uma capacidade tripla: gerenciar operações, estabelecer vínculos com parceiros e Clientes e utilizar a tecnologia como diferencial nesse processo.
 
E parece não terminar por aí. O aplicativo de carona paga Uber planeja deixar de depender de mais de 1 milhão de motoristas que tem pelo mundo.
 
A empresa iniciou na semana passada os testes com os primeiros carros sem motoristas nas ruas da cidade de Pittsburgh.
 
O Uber está desenvolvendo uma parceria com a Volvo para criar carros totalmente autônomos. E pretende fazer isso também com caminhões até 2021. O Uber já deixou claro que vai ampliar a sua atuação para o setor de cargas.
 
Portanto, é importante estar de olhos bem abertos. Aquele que você sequer nem imagina quem seja, poderá se transformar em seu principal concorrente amanhã!
 
Por Marco Antonio Oliveira Neves, Diretor da Tigerlog

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