Acidente pode ter sido causado por mau uso do guindaste ou solo fraco

Publicado em
29 de Novembro de 2013
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O Ministério do Trabalho embargou operações com guindastes na obra.

Apuração indica que peça estava sendo içada de forma inadequada.

 

A investigação das causas da queda de um guindaste nas obras do Itaquerão em São Paulo examina duas hipóteses: mau uso do equipamento ou solo impróprio. OMinistério do Trabalho embargou operações com guindastes na obra.

A imagem é rápida.  Em três segundos o guindaste está no chão. O arquiteto autor do vídeo, que fazia uma visita à obra, conta que só conseguiu flagrar o acidente, porque que pouco antes o guindaste já ameaçava cair. “Ele foi esbarrando na edificação e depois de uns 10, 15 segundos, que ela veio a ruir. Então quando ela começou a bater, o pessoal já saiu correndo. Foi uma coisa muito assustadora”, conta Márcio Antônio Campos, arquiteto e autor do vídeo.

Perto do local do acidente é possível ver muito ferro retorcido. A cabine do guindaste ainda está virada no chão com os vidros quebrados.

A operação de ontem já tinha sido feita outras 37 vezes com sucesso. Cada procedimento precisa de um plano assinado por um engenheiro. O guindaste é gigantesco. De pé, chega a quarenta e dois metros de altura.

“Aqui aconteceu uma falha de procedimento, quem vai dizer que tipo de falha vai ser a polícia técnico-científica”, diz Jair Paca de Lima, coordenador da Defesa Civil.

Uma apuração preliminar indica que a peça de mais de 400 toneladas estava sendo içada de forma inadequada. Ela balançou e o movimento desestabilizou o guindaste.

Antonio de Sousa Ramalho, presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil e deputado estadual pelo PSDB, tem outra versão. Ele diz que funcionários avisaram o engenheiro responsável que a base de sustentação não aguentaria a peça. “A resposta do engenheiro foi ‘isso aqui não é segurança do trabalho, eu sou engenheiro civil, faço obra há 30 anos e tenho consciência de que isso aqui é o suficiente para sustentar’, mas não foi”.

Em nota, a Odebrechet e o Corinthians negaram esse alerta. Até segunda-feira, o delegado Luís Antonio da Cruz pretende ouvir o funcionário que operava o guindaste. “Para ver se foi um acidente ou se houve uma infração penal. Então nós temos que trabalhar com essas hipóteses”.

O Ministério do Trabalho embargou provisoriamente as operações com guindastes na Arena Corinthians, até que o clube e a construtora do estádio prestem esclarecimentos. Os dois reafirmaram que os trabalhos que não precisam das gruas, como instalações de assentos, revestimentos de pisos e acabamento nas áreas externas serão retomados na segunda-feira.

Amanhã, representantes da empresa alemã fabricante do guindaste chegam ao Brasil. Vão ajudar a decidir se a estrutura danificada será cortada ou içada, e se as peças podem ser reaproveitadas.

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