Abertis considera novas concessões no Brasil menos problemáticas

Publicado em
15 de Outubro de 2013
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O grupo espanhol de infraestruturas Abertis confirmou nesta terça-feira seu interesse em disputar as licitações para as novas concessões de estradas que o Brasil vai leiloar a partir da próxima semana, já que as considera menos problemáticas e arriscadas que as que foram adjudicadas em 2008.

"É claro que não esperamos as mesmas dificuldades nem desafios de cinco anos atrás. Há uma curva de aprendizagem em cada processo", afirmou hoje David Díaz, executivo-chefe da Arteris, a subsidiária brasileira da Abertis para concessões de estradas.

O executivo admitiu durante a reunião com investidores e analistas, organizada pela Abertis no Rio de Janeiro, que a empresa enfrenta problemas no Brasil pelo atraso de algumas das obras das concessões de estradas nacionais adjudicadas em 2008.

Díaz acrescentou que a empresa não pôde realizar os investimentos prometidos por diferentes problemas que não estavam previstos na primeira licitação, como demoras na obtenção de licenças ambientais, pedidos de autoridades municipais e regionais para fiscalizar projetos e dificuldades nas expropriações.

Apesar de atribuir as demoras a problemas alheios à companhia e de garantir que quer realizar os investimentos imediatamente, a Arteris teve que assinar um Termo de Ajuste de Conduta com os reguladores para normalizar as obras e os investimentos previstos.

"A nova licitação é diferente. O governo aprovou um processo acelerado para a obtenção das licenças ambientais e das novas estradas que estão em áreas menos vulneráveis", afirmou.

Díaz garantiu que a Abertis, como líder no mercado de concessão de estradas no Brasil, quer participar de novos projetos para continuar a crescer no país.

"Fizemos uma proposta e a submetemos ao conselho diretor da empresa. Não posso divulgar muitas informações porque isso poderia beneficiar os potenciais concorrentes, mas elas serão conhecidas quando os envelopes forem abertos", acrescentou.

A Arteris opera nove concessões de estradas no Brasil com uma extensão de 3.226 quilômetros, pouco menos da metade dos 7.300 quilômetros de estradas administrados pela espanhola em 14 países, incluindo Chile, Argentina, Colômbia, Bolívia, México e Estados Unidos.

O governo brasileiro licitará este ano 7.500 quilômetros de estradas, que serão oferecidos em nove leilões - o primeiro deles acontecerá na quarta-feira da próxima semana e o último no dia 27 de dezembro, segundo o calendário divulgado esta semana.

"As licenças ambientais para as primeiras concessões chegaram a demorar um ano e meio. O governo sabe disso e por esse motivo incluiu outras regras na nova licitação, para agilizar as licenças", afirmou.

Segundo Díaz, a nova licitação oferece um maior equilíbrio do risco para o governo e para as concessionárias e "retornos bastante atrativos para os investidores", que seriam "coerentes" com o que a Abertis espera em seus negócios, entre 9% e 11%.

O executivo disse que outra vantagem na nova licitação é a possibilidade de o BNDES financiar até 70% do investimento total a um prazo de 25 anos e com juros favoráveis para as empresas. Outro incentivo oferecido pelo governo é a possibilidade de os operadores se associarem a fundos de pensão.

O diretor admitiu igualmente que a empresa está renegociando novas condições para seus atuais contratos tanto com o estado de São Paulo, onde tem quatro concessões, como com o Governo Federal, que lhe outorgou cinco.

Díaz acrescentou que a empresa quer um aumento do prazo da concessão em troca de congelar o valor dos pedágios nas estradas de São Paulo, assim como aumentar o pedágio em troca do compromisso de realizar investimentos adicionais em obras nas estradas nacionais.

"Parte de nossa estratégia é tentar estender as concessões. Achamos que há excelentes oportunidades para acordos que interessam a todas as partes", concluiu.

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