A vantagem da aplicação do Seis Sigma em transportadoras, por Mauro Roberto Schlüter*

Publicado em
29 de Outubro de 2012
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Aqueles que trabalham em indústrias de ponta, conectadas com a vanguarda da gestão da qualidade, conhecem a metodologia seis sigma de controle e melhoria dos processos.

Para aqueles que ainda não conhecem, a metodologia seis sigma é uma poderosa arma para enfrentar as perdas ocasionadas pelos problemas ligados à qualidade dos produtos.

O objetivo é claro: buscar de forma constante uma quantidade de perdas que não exceda a 3,4 partes (produtos ou processos), com problemas de qualidade a cada milhão de partes processadas.

A expressão “sigma” refere-se ao desvio padrão de uma distribuição probabilística e a expressão “seis”, a quantidade de desvios padrões para cada lado da média.

Uma boa leitura em livros de estatística e de gestão da qualidade, ou mesmo sobre seis sigma, pode esclarecer aqueles que ainda não ouviram falar desta metodologia.

Surgida a partir da década de 80 na empresa General Eletric, o seu objetivo estava centrado na busca de métodos que pudessem eliminar os custos de retrabalhos, bem como melhorassem as expectativas dos clientes.

Rapidamente ampliou as bases geográficas de aplicação para empresas sediadas fora das fronteiras dos EUA. Este método logo foi incorporado por empresas do setor industrial do país e hoje se constitui em vantagem competitiva para as empresas que a aplicam.

O controle da redução de perdas por melhorias dos processos traz vantagens não apenas nos custos, mas também elimina perdas junto aos clientes através da utilidade de forma do produto. Mas não é apenas no setor industrial que esta metodologia pode ser aplicada.

Nos anos 2000 teve inicio a aplicação de seis sigma também no setor de serviços, notadamente no setor bancário norte-americano, ainda que marcado por alguns percalços relacionados a falta de dados e a diversidade de serviços com subprocessos diferentes e de difícil mensuração.

Superada esta fase, a aplicação em serviços avançou para a área de logística, embora a passos bem mais lentos que no setor industrial.

A falta de repetitividade nos processos e nas tarefas contribuiu para esta lentidão, embora ainda estivesse ligada a cenários vinculados a logística das indústrias, especificamente à gestão de estoques.

Experiências e relatos de aplicação de seis sigma em cenários de transporte ainda são raros em âmbito mundial.

Alguns relatos vinculam a aplicação de seis sigma em processos de documentação de produto no transporte internacional, ou em cenários fechados a priori e sob controle da empresa.

Não existem relatos científicos sobre a aplicação de seis sigma em operações de transporte rodoviário de cargas, principalmente em empresas de transporte rodoviário de carga geral fracionada.

Este fato evidencia a grande oportunidade que estas empresas têm de diferenciar os seus serviços frente aos concorrentes e sair de uma busca de liderança de mercado baseada em custos.

Lembro que por volta de meados dos anos 90, a Transportadora Americana foi uma das pioneiras na busca pela gestão da qualidade dos seus serviços, através da adoção do padrão ISO 9000.

A empresa se destacou no mercado e teve a oportunidade de diferenciação sobre as demais empresas do setor.

A oportunidade de diferenciação está novamente disponível através da adoção do programa seis sigma e sugiro que os empresários do setor que desejam alcançar esta diferenciação, mexam-se o mais rápido possível.

Mauro Roberto Schlüter é Professor de logística da Mackenzie Campinas

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