Nos últimos tempos, o pessimismo tomou conta da economia, mas as cidades médias vivem um momento bem mais animado. Até 2020, as classes A e B deverão ganhar 11 milhões de pessoas — e metade delas estará fora dos grandes centros urbanos
Jundiaí: a cidade paulista, que já conta com dois shopping centers, deverá ter um Iguatemi até 2015
São Paulo - Os números podem mudar de empresa para empresa, mas a variação é pequena. As montadoras de automóveis dispostas a desbravar novos mercados das classes A e B no Brasil monitoram os lugares com mais chances de chegar a 1 000 emplacamentos por ano.
Para o varejo, uma cidade com aproximadamente 3 500 a 4 000 famílias no topo da pirâmide social justifica o investimento em um supermercado voltado para esse público. No caso das incorporadoras, o alvo são municípios que podem atingir a marca de 6 000 famílias abastadas. Hoje, as empresas focadas no segmento de alta renda conseguem atender 75% de seu público estando presentes em apenas 177cidades.
O estudo Redefinindo a Classe Média Emergente do Brasil, elaborado pela consultoria Boston Consulting Group (BCG), estima que esse quadro mudará de forma acentuada até o fim desta década. Segundo a pesquisa, será preciso acrescentar mais 89 municípios à lista até 2020. Nos dez anos entre 2010 e 2020, o país ganhará 11 milhões de pessoas das classes A e B, o equivalente à população de um país como Portugal.
Desse contingente, metade será de residentes do interior. “As classes A e B estão crescendo mais porque a C já cresceu muito. Estamos vendo agora uma migração da nova classe média para os estratos mais ricos da população”, diz Marcelo Neri, ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República e presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Em lugares como Campos dos Goytacazes, no Rio de Janeiro, Uberaba, em Minas Gerais, e Cascavel, no Paraná, que já estão no mapa das empresas, a novidade será a taxa de expansão do número de famílias com rendimentos acima de 5 000 reais, a linha de corte para a entrada na classe B, e superiores a 7 500 reais, o limite mínimo que classifica quem passa para a classe A.
Além do crescimento em centros conhecidos, o estudo do BCG prevê a emergência de cidades menos badaladas, como Araguaína, em Tocantins, Arapiraca, em Alagoas, e São Mateus, no Espírito Santo. “Até o fim desta década, a classe C continuará crescendo de forma considerável. Mas o fenômeno de maior destaque será o processo de sofisticação doconsumo”, diz Olavo Cunha, sócio do BCG, responsável pela área de consumo no país. Confirmada a projeção da consultoria, o topo da pirâmide social brasileira passará a responder pela maior fatia do consumo em 2020.
O melhor termômetro desse fenômeno já em curso é a proliferação de shopping centers. Até o fim de 2014 está prevista a inauguração de 79, dos quais quase a metade em cidades do interior. “Essa movimentação é fruto do aumento da renda fora dos grandes centros”, diz Luiz Fernando Pinto Veiga, presidente da Associação Brasileira de Shopping Centers.
Para os administradores de grandes centros comerciais, as cidades de porte médio aliam demanda reprimida a terrenos mais acessíveis. A construção de um shopping, que em uma metrópole consome 600 milhões de reais, pode sair pela metade do preço no interior. “A dinâmica do consumo em cidades como Sorocaba e Jundiaí mudou.
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