A obra mais enrolada do Brasil é o Comperj

Publicado em
08 de Agosto de 2013
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Como a construção do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro, o Comperj, virou um roteiro acabado dos males que travam a infraestrutura brasileira

Frederico Bailoni/Petrobras

Visão aérea das obras no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), da Petrobras

Vista aérea do Comperj: muita ambição, muitos discursos e, por ora, pouco resultado

Rio de Janeiro - Em junho de 2006, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva visitou a cidade de Itaboraí, na região metropolitana da capital fluminense, para lançar a pedra fundamental do maior empreendimento da história da Petrobras, o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro, mais conhecido como Comperj.

Lá, seriam investidos 6,5 bilhões de dólares numa refinaria inovadora, que transformaria óleo pesado em produtos petroquímicos. Em março de 2008, Lula voltou à cidade para dar início à obra de terraplenagem, que se tornou a maior já feita no país. Itaboraí e os municípios vizinhos entraram em polvorosa com o anúncio de que o Comperj geraria 200 000 empregos diretos e indiretos.

Em março de 2010, quatro anos após o lançamento da pedra fundamental, Lula voltou a Itaboraí pela terceira vez. Foi participar da assinatura dos contratos que, finalmente, permitiriam o início da construção. Até então, nenhum tijolo havia sido assentado no local.

Sete anos se passaram desde a primeira visita de Lula ao Comperj. Pelo plano inicial, o complexo já deveria estar funcionando. Não está. Apenas metade da obra foi executada — 53%, segundo a estatal. Nesse período, quase tudo mudou. Em vez de uma refinaria, serão construídas duas.

Em vez de produzir petroquímicos, elas fabricarão combustíveis. Em vez de consumir 6,5 bilhões de dólares, só a primeira demandará 13,5 bilhões. Em vez de ser uma obra tocada em sociedade com o setor privado, ela virou 100% estatal. Por fim, em vez de ser inaugurada em 2012, a obra ficou para o final de 2015, segundo a Petrobras — os fornecedores dizem que só haverá inauguração em 2016.

Também não se sabe se o Comperj algum dia será realmente um complexo petroquímico — a Braskem, empresa do setor interessada em se instalar no empreendimento, ainda analisa a viabilidade econômica do projeto. O que já se sabe é que a construção enfrenta tantos problemas que o Comperj disputa o título de obra mais enrolada do país.

Um dos problemas que mais atrasaram o empreendimento é de ordem ambiental. A empresa não consegue transportar um conjunto de equipamentos encomendados na Itália que chegaram ao porto do Rio há um ano e meio. São torres que pesam 1 100 toneladas cada uma e, por causa do peso, não podem trafegar por estradas convencionais nem sobre a ponte Rio-Niterói.

A solução seria levar as torres em uma barcaça pela baía de Guanabara até um rio, o Guaxindiba. Esse rio, que recebe boa parte do esgoto do município de São Gonçalo, dá acesso ao píer de uma cimenteira nas proximidades do Comperj. A barcaça teria apenas 80 centímetros de calado para não encalhar nas águas rasas da região. Ainda assim, seria necessário dragar áreas assoreadas pelo acúmulo de dejetos no rio.

A princípio, o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) aprovou a solução, e a Petrobras chegou a marcar o primeiro transporte para 24 de janeiro de 2011. A situação desandou quando se constatou que o tal rio passa por uma área de proteção ambiental, cuja responsabilidade é do órgão federal Instituto Chico Mendes. Continue lendo esta matéria direto no site Portal Exame, clicando nos links abaixo:

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