A nova Marginal

Publicado em
05 de Abril de 2010
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A reforma da Marginal do Tietê obra que acaba de ser inaugurada e dotou essa via, que é uma peça-chave no difícil trânsito da capital, de uma nova pista em seu canteiro central, com três novas faixas de rolamento nos dois sentidos é um exemplo da importância de investir permanentemente na ampliação do sistema viário.

A expansão concomitante da rede de transporte coletivo por trilho, como vem acontecendo, mostra que não há, ao contrário do que sugerem alguns, incompatibilidade entre esses dois ramos do sistema de circulação numa grande metrópole como São Paulo.

Os benefícios dessa obra que valem tanto para automóveis como para ônibus, sem falar nos caminhões, cujo número está diminuindo com a conclusão do Trecho Sul do Rodoanel ficaram evidentes no primeiro dia de sua abertura ao trânsito, como comprovaram tanto as medições da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) como da reportagem do Estado.

Durante o horário de pico da manhã, no sentido de quem vai para a Rodovia Castelo Branco, que é a rota para o trabalho na região mais adensada da cidade, o trajeto era feito em aproximadamente 47 minutos a média das quatro viagens feitas pelos repórteres. Com a nova pista funcionando, a média caiu para 37 minutos.

Essa diferença de 10 minutos representa um ganho de 21%. Embora ele esteja ainda abaixo dos 35% previstos pelo governo do Estado e pela Prefeitura, o avanço é considerável. Os dados apurados pela CET foram igualmente animadores.

Uma semana antes da inauguração da obra, os congestionamentos na Marginal foram em média de 17 km, durante o pico da manhã, entre 7 e 9 horas. A abertura da terceira pista fez essa média cair para 9 km, um ganho de 47%.

Uma ressalva a ser feita refere-se à entrega da obra sem a conclusão da sinalização das novas faixas e dos acessos à pontes e viadutos, o que tem causado transtornos aos motoristas.

Como não recebem informações precisas, eles muitas vezes são obrigados a fazer manobras bruscas e desvios, que representam percursos mais longos que os normais para chegar a seu destino.

Prevê-se que, quando a nova sinalização estiver totalmente implantada, o que vai coincidir com a proibição de circulação de motocicletas na via expressa, será possível atingir os 35% de ganho em velocidade na Marginal previstos pelo governo.

A CET espera que, com as novas regras para a circulação de motocicletas, os acidentes graves com esse tipo de veículo nessa via diminuam 40%. Finalmente, a criação de uma faixa preferencial para ônibus, na faixa mais à direita em toda a extensão da Marginal, conjugada com a maior fluidez do trânsito proporcionada pela nova pista, deve trazer ganhos importantes também para esse tipo de transporte coletivo.

Tudo isso justifica plenamente o investimento de R$ 1,3 bilhão para a reforma da Marginal do Tietê que, além da nova pista no canteiro central, inclui a construção de quatro pontes  Cruzeiro do Sul, Complexo Bandeiras, Tatuapé e Complexo Dutra-Castelo Branco e três viadutos. Desse total, a iniciativa privada  as concessionárias que administram a Ayrton Senna-Carvalho Pinto e a Bandeirantes-Anhanguera  entrou com R$ 200 milhões.

Essa reforma será complementada pela implantação de um moderno e sofisticado sistema de vigilância do trânsito nas Marginais do Tietê e do Pinheiros, que deverá entrar em operação dentro de dois anos e custará R$ 130 milhões.

Serão instalados ao longo dessas vias mais de 300 equipamentos aptos a detectar as mais diversas ocorrências que podem afetar a fluidez e a segurança do trânsito.

Entre eles estão 16 detectores de altura de veículos, sendo 10 para a Marginal do Tietê e 6 para a do Pinheiros. Eles alertarão uma central da CET quando o veículo ultrapassar a altura máxima permitida, de 4,4 metros, o que permitirá que se tomem medidas para evitar que fiquem entalados nas pontes.

A única coisa a lamentar é que providências como essas, que terão repercussão positiva em todo o sistema viário da capital, não tenham sido tomadas antes.

Sobretudo porque, se considerarmos os seus benefícios para os paulistanos, os recursos aplicados nessas duas obras são relativamente baixos.

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