A montanha russa da tabela dos fretes rodoviários*

Publicado em
04 de Novembro de 2022
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Sobe e desce dos valores impacta os caminhoneiros

A adrenalina trazida pelas montanhas-russas, principais atrações em parques de diversões de todo o mundo, é perfeita para quem gosta de aventuras. Pena que, na economia, a imprevisibilidade dos altos e baixos não trazem uma emoção igual.

Ao falar mais especificamente sobre os valores do diesel, outra comparação justa é a de um iceberg. O valor praticado é apenas a ponta, que impacta toda a cadeia e finaliza na hora que o consumidor compra o produto, seja em uma prateleira física ou online.

O efeito acontece em cascata, e um setor afetado é o de transporte de passageiros, elevando os custos e gerando dificuldades para as empresas do setor. Outro reflexo é a elevação da tarifa, o que pesa no bolso dos usuários dos ônibus e atinge a mobilidade urbana.

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Uma pesquisa feita pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) apontou que o valor do diesel S10 teve um aumento de 42% somente no primeiro semestre de 2022. Em um ano, entre junho de 2021 e junho de 2022, o valor subiu 68%.

O diesel é responsável por até 35% dos custos de transporte rodoviário de cargas no país, segundo a Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC & Logística). Foi realmente difícil trabalhar nesse período, tornando as operações economicamente inviáveis para muitos caminhoneiros.

Pela primeira vez na história, o diesel ficou mais caro que a gasolina! E quem foi mais penalizado é quem está na boleia, literalmente carregando o Brasil nas costas.

Em maio foi publicada uma medida provisória que mudou a tabela do frete do transporte rodoviário. Antes, os valores eram reajustados (para cima ou para baixo) apenas a cada seis meses ou quando fosse registrado um aumento de 10% no valor do diesel nas refinarias. Agora, um gatilho automático é colocado em prática quando a variação atinge 5%.

A medida provisória foi transformada em lei em setembro, e o piso leva em conta o quilômetro rodado, eixo carregado, consideradas as distâncias e as especificidades das cargas.

O segundo semestre começou, e em agosto foi registrada uma das primeiras quedas do ano da tabela do frete, causadas pela retração do preço do diesel em dois momentos do mês.

Desde então, a montanha-russa só desce. Nos meses de setembro e outubro, o valor do frete esteve em franca redução, ocasionado pelas sucessivas baixas no valor do diesel. Para o caminhoneiro, ainda é pouco, mas já é um recomeço.

A grande questão é que o preço do diesel continua subindo no mercado internacional, não sendo repassado para as bombas brasileiras. No dia 7 de outubro, por exemplo, o preço do diesel vendido estava 11% abaixo das cotações internacionais, segundo a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom).

Por uma questão política, a Petrobras continua segurando os preços. A ordem, antes do segundo turno, era manter o valor – ou mesmo continuar diminuindo. Mas não se sabe até quando será possível aguentar.

Segundo a Abicom, para manter igualdade com o mercado internacional, seria necessário aumentar em até R$ 0,62 por litro. Atualmente há uma oferta menor de petróleo, o que pressiona os preços para cima. Quanto mais demorar para repassar o reajuste, pior ele será.

Uma hora a montanha-russa precisará subir, não importa quem venceu as eleições. E com certeza quem sofrerá mais serão os caminhoneiros.

(*) Jarlon Nogueira é CEO da AgregaLog

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