A indústria farmacêutica e seus desafios

Publicado em
19 de Outubro de 2016
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Algumas soluções podem ser o caminho para um melhor armazenamento do produto

Temperatura controlada, armazenagem correta, acondicionamento dos produtos nas distribuidoras e custos com o transporte de medicamentos são alguns dos grandes desafios da indústria farmacêutica. Porém, os custos com o transporte inflacionados por conta das possíveis perdas significativas durante todo o processo logístico ainda configuram como um dos grandes desafios dessa indústria. A farmacêutica Liana Montemor, gerente do Valida Laboratório de Ensaios Térmicos, empresa do Grupo Polar, destaca, por exemplo, a avaliação da temperatura interna das embalagens durante o recebimento das cargas.

Segundo a especialista, é muito importante que as empresas percebam o quão complexo é o transporte e armazenagem desse tipo de produto. “Principalmente porque diante dos entraves logísticos enfrentados no País, os desafios das empresas para respeitar os cuidados exigidos pelo mercado são enormes. Um procedimento inadequado implica em risco para a saúde do consumidor final e prejuízo para indústria”, aponta.

Montemor destaca ainda a importância do produto ser transportado de forma correta, ou seja, ter uma embalagem qualificada para que os mesmos se mantenham na temperatura correta por todo tempo de transporte. “É muito importante também que o ambiente onde o produto será armazenado também cumpra com todas as exigências em relação a temperatura, como por exemplo, em câmeras frias qualificadas. E que por último, o equipamento onde será feito o congelamento do gelo também seja qualificado para que, quando o produto for utilizado, consiga cumprir com os requerimentos de tempo e temperaturas necessários da embalagem”.

Segundo ela, apesar de não existir nenhuma norma ou regulamentação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) sobre os procedimentos para recebimento de cargas frias, o Manual de Boas Práticas de Cadeia de Frio publicado pela Associação Internacional de Engenharia Farmacêutica (ISPE, sigla em inglês), tem um capítulo dedicado ao tema. “No material, por exemplo, é possível encontrar dicas sobre a maneira correta de utilizar os tipos de termômetro”, explica, e lembra que o termômetro do tipo espeto é o equipamento com menor desvio de temperatura e, portanto, possibilita maior precisão de leitura.

No caso de mal transporte, destaca, os riscos para o produto incluem a perda de eficácia e das características físico químicas e até a perda efetiva do produto. “Um mau transporte também pode ocasionar um custo exacerbado, que não estava previsto, o retrabalho na entrega dos medicamentos, riscos a imagem da empresa, o desabastecimento dos medicamentos para a população. Além dos prejuízos que podem trazer à saúde”.

Ela lembra ainda que essa falha na leitura pode ocasionar ainda a devolução do produto ou o recebimento de um produto fora do padrão de temperatura, ou seja, que já não está adequado para o uso. “Dessa forma, todos os custos que envolvem uma devolução e os custos para a saúde que envolvem um produto inadequado”. E aponta que a "logística segura" para a carga é o maior desafio. “É preciso que todos os envolvidos entendam a necessidade de um armazenamento e transporte correto, pois todo esse processo envolve vários elos que compõem a cadeia do frio e caso algum elo se rompa ocorrerá perda do produto e os outros tópicos já mencionados anteriormente”, conclui.

No entanto, existem alguns pontos a serem considerados que melhoram a exatidão dos dados e minimizam as falhas. A farmacêutica e dá 4 dicas para minimizar falhas de leitura com termômetro do tipo espeto:

1 - É recomendável que as embalagens, tão logo recebidas, sejam abertas em câmaras refrigeradas na mesma temperatura do produto que consta no interior da embalagem térmica, diminuindo perda da temperatura e a troca térmica entre o ar externo e a embalagem no momento da sua abertura. Áreas com temperaturas não controladas ou diferentes das que contemplam a carga podem interferir diretamente na leitura da temperatura interna da embalagem e gerar um falso resultado.

2 - O termômetro espeto deve ser inserido entre os cartuchos dos produtos, seguindo as instruções do fabricante para utilização.

3 - É imprescindível que o termômetro esteja com a calibração válida, na faixa de temperatura que será utilizada.

4 - Utilizar o termômetro tipo espeto para perfurar a embalagem de transporte não é considerada uma alternativa viável e confiável. Isso porque, muitas vezes, não há padronização na montagem das embalagens térmicas (localização de produtos, elementos refrigerantes etc.) e identificação do melhor ponto a ser perfurado pela sonda e sua inserção na embalagem pode danificar o produto transportado, além de apresentar um falso resultado caso, por exemplo, o termômetro encoste no elemento refrigerante.

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