A história do Contêiner no Transporte de Cargas - parte 1/2*

Publicado em
23 de Abril de 2019
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Por Diego Garcia Da RodoQuick

Assim como o computador revolucionou o fluxo de informações, o container revolucionou o transporte de cargas. Ainda que pouco notado, trata-se de um dos mais significativos desenvolvimentos econômicos das últimas décadas, transformando o transporte internacional.

Há 50 anos, quando o primeiro navio porta-container começou a navegar, importadores e exportadores precisavam movimentar as cargas uma a uma a cada transbordo que a carga sofria de/para navio, caminhão e trem. Toda vez que o modal de transporte mudava, era necessário transferir fisicamente cada caixa, pallet ou barril, de um modal para o outro, gerando tempo de transbordo da carga (aumentando o tempo para entrega da mesma), aumentando custos com mão de obra (ajudantes, empilhadeiras, etc), perda de mercadorias por avarias nas excessivas movimentações, ocorrência de furtos e desvios e necessidade de maior espaço físico para realização do cross docking.

Dessa forma, no transporte marítimo daquela época, a maior despesa era transferir a carga do transporte terrestre para o navio no porto de saída, e do navio no porto de chegada para o caminhão ou trem que faria a o transporte até a outra ponta da cadeia. Segundo estudos, esta movimentação de cargas soltas representava cerca da metade do custo total do transporte.

Além do alto custo da operação de cross docking em si, havia custos mais difíceis de se mensurar monetariamente. Muitas vezes, a mercadoria tinha que esperar nos armazéns para a próxima etapa, e essas transferências e atrasos tornavam o embarque lento e os horários incertos, além de criar oportunidades para avarias, erros e, até, furtos de “pequenas” partes da carga. Para se ter um exemplo, o uísque foi um dos primeiros produtos enviados em container, pois era muito sujeito a roubo quando transportado de forma solta.

Hoje, graças a Malcom McLean, um visionário empresário do ramo dos transportes da Carolina do Norte, nos EUA, é possível estufar um container na planta do exportador, utilizar-se de diversos modais de transporte sem a necessidade de que a carga seja manuseada, e somente abri-lo novamente e movimentar a carga no seu interior quando estiver na planta de destino, no importador.

Seu grande trunfo foi identificar que “o cliente não se importa como você está enviando as mercadorias. O cliente quer ir daqui para lá, barato e já. O cliente não se importa se vai por via aérea, terrestre, marítima ou ferroviária.“

Sendo tão genérico e abrangente quanto o código do computador, um container pode conter qualquer coisa, desde grãos de café até autopeças e componentes de celulares, reduzindo drasticamente os custos e aumentando a confiabilidade da operação.

Essa redução nos custos de transporte ajuda a tornar economicamente viável para uma fábrica na China produzir bonecas com cabelos do Japão, plásticos de Taiwan e corantes dos EUA, e enviá-las para crianças em todo o mundo. Para os consumidores, isso resulta em preços mais baixos e maior qualidade no material utilizado.

No próximo artigo, vamos falar sobre os desafios encontrados para adaptar as estruturas a essa nova forma de transporte de cargas, e como governos e investidores vem trabalhando para otimizar cada vez mais o transporte de containers.

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