Está nas mãos do governo da presidente Dilma Rousseff reconquistar a credibilidade perdida pelo Brasil nos últimos meses
Vitória na votação da MP dos Portos: o governo precisa usar sua base para aprovar outros projetos de interesse nacional
São Paulo - Na ciclotimia típica dos mercados financeiros, bastaram poucos meses para que o Brasil deixasse a condição de favorito dos investidores e passasse a ser uma incógnita. Pode-se discutir se essa reavaliação é justa ou não. Afinal, nosso território é imenso, o mercado consumidor tem quase 200 milhões de pessoas, a economia é diversificada, há oferta abundante de fontes de energia, minérios, água e terra.
Tudo o que atraiu os olhares — e os dólares — dos estrangeiros continua aqui. Mas nosso momento parece ter passado. E o pior: justo na hora em que o dinheiro dos investidores talvez seja mais necessário. “Estamos numa fase de nosso desenvolvimento em que o investimento, especialmente em infraestrutura, precisa crescer”, diz o economista Cláudio Frischtak, presidente da Inter.B Consultoria.
Diante do fato inegável de que o Brasil está menos atraente, é importante entender o que deu errado. E pensar em formas de reconquistar as atenções. EXAME apresenta uma lista de oito medidas que poderiam ser adotadas rapidamente pelo governo da presidente Dilma Rousseff e que ajudariam a retomar a confiança de brasileiros e estrangeiros no país.
É impossível saber se essas medidas serão colocadas em prática nos próximos 18 meses. O fato é que a presidente Dilma já demonstrou que pode mudar de opinião: a “mãe do PAC” lançou há quase um ano um pacote de concessões de obras de infraestrutura para a iniciativa privada. Ao governo cabe, agora, melhorar o ambiente de negócios e ceder espaço para que as empresas possam fazer o país deslanchar.
1 Infraestrutura
O governo anunciou em agosto do ano passado um pacote de concessões e investimentos em infraestrutura de proporções inéditas no país. Somados, os projetos em rodovias e ferrovias devem receber cerca de 133 bilhões de reais em investimentos, segundo o Palácio do Planalto.
Além dessas obras, estão previstas ainda as concessões dos aeroportos de Confins, em Minas Gerais, do Galeão, no Rio de Janeiro, e a construção ou reforma de 270 aeroportos regionais.
Se tocados de forma simultânea e dentro dos prazos previstos, esses projetos teriam a capacidade de começar a destravar a logística brasileira, praticamente inerte desde a década de 70. Mas, de concreto, quase nada aconteceu até agora. Para os 7 500 quilômetros de rodovias que deveriam ter começado a ser licitados no ano passado, houve sucessivos adiamentos.
A nova previsão é que os primeiros leilões ocorram em setembro. “Os atrasos do PAC mostraram a Dilma que o Estado não podia bancar todos os investimentos e, por isso, vimos o anúncio de concessões para a iniciativa privada. Mas os adiamentos dos últimos meses deixaram claro que ainda há um conflito ideológico dentro da administração do PT”, diz uma fonte que participou das discussões com o governo sobre as concessões.