20% dos gerentes do país têm menos de 35 anos

Publicado em
22 de Novembro de 2010
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Com mercado aquecido, jovens têm carreira acelerada e assumem chefias

Do quadro total de empregados das firmas do país, 40% são dessa faixa etária, o dobro em relação há cinco anos

A expansão das empresas para abocanhar mais mercado na economia aquecida tem impulsionado a carreira dos profissionais jovens.

A migração de funcionários mais experientes para outras companhias, atraídos por melhores oportunidades na concorrência, também favorece os novatos. E o caminho rumo a postos de chefia acaba ficando mais curto.

Hoje, mais de 20% dos cargos de gerência das firmas instaladas no país pertencem à chamada "geração Y" -dos nascidos de 1978 ou 1980 (há divergências entre pesquisadores) a 2000.

Cinco anos atrás, a participação de pessoas com menos de 35 anos em postos mais altos era inexpressiva.
As informações são do Grupo DMRH, um dos maiores do Brasil em recursos humanos (leia entrevista na pág. B4).
E, considerando o quadro total de funcionários das empresas, mais de 40% dos empregados são dessa faixa etária, o dobro da parcela observada há cinco anos.

TEMPO DE APRENDIZADO

O Santander, do setor financeiro, e a Braskem, do segmento petroquímico, estão entre as empresas com maior parcela de jovens entre os funcionários.

O banco tem, pertencentes à "geração Y", 41% dos 50 mil empregados no Brasil. E prevê que sejam 57% até 2015.
"O tempo de aprendizado no setor financeiro é infinitamente menor que em áreas mais técnicas, que envolvem fábricas, por exemplo. E investimos na formação dos jovens, oferecendo treinamento", diz Paula Giannetti, superintendente de recursos humanos do Santander.

MOBILIDADE
A Braskem, com 22% dos funcionários no grupo mais novato, oferece mobilidade aos jovens, que podem trocar de projeto ou área dentro da própria empresa.

"Nossa maior preocupação agora é a formação do jovem antes de entrar no mercado de trabalho", diz Marcelo Arantes, vice-presidente de pessoas e organização da Braskem.

A empresa tem buscado parcerias com universidades para desenvolver e incentivar a formação em áreas como engenharia química e biologia, pouco procuradas pelos vestibulandos hoje.
"Parte do esforço se reverterá a nosso favor e parte irá para o mercado. Mas precisamos olhar além das nossas paredes; caso contrário, ficaremos roubando mão de obra uns dos outros eternamente", afirma Arantes.

Empresas investem mais para "segurar" talentos

Trabalhadores buscam novas oportunidades e pressionam companhias

Para evitar inflação de salários, solução é valorizar equipe antes que os funcionários procurem concorrência

DE SÃO PAULO

Aos 38 anos e sem nunca ter mudado de emprego antes, o economista Marcos Higasi decidiu trocar de firma e setor há menos de um mês.
O salário 20% mais alto e a oportunidade de conhecer novas áreas de atuação motivaram o ex-gerente de controladoria do Itaú -companhia em que permaneceu por 11 anos- a se tornar gerente financeiro de uma empresa prestadora de serviços no ramo de telefonia celular.
"Com o mercado aquecido, quis buscar novos horizontes", diz Higasi.
A Robert Half, empresa de recrutamento de executivos, diz que o bom momento do mercado de trabalho tem encorajado os funcionários a trocar de área.
E, nesse cenário, as companhias reforçam as estratégias para manter os bons profissionais e recrutar talentos.
Salários mais altos, plano de carreira e oferta de treinamento estão entre as ferramentas disponíveis.

ANTECIPAÇÃO
"No cenário de disputa por mão de obra, não aconselhamos as empresas a fazer contrapropostas a funcionários que pedem para sair", diz Ana Guimarães, especialista em recrutamento na divisão de mercado financeiro da Robert Half.
"Observamos que, se o trabalhador permanece só por causa do novo salário, ele volta a se sentir insatisfeito em no máximo seis meses", completa. A solução, portanto, é que as companhias se antecipem à possível insatisfação do empregado, para evitar que ele olhe para a concorrência.
O escritório de advocacia Siqueira Castro, um dos maiores do país, com 1.400 funcionários e 58 sócios, apresentou neste ano uma nova versão do plano de carreira para melhorar a política de bonificações.
"Temos plano de carreira bem definido até para estagiários", diz Carlos Fernando Siqueira Castro, sócio do escritório. "Nós dependemos de bons profissionais e, com a economia aquecida, aumenta a preocupação "defensiva" na área de RH, que é estratégica", afirma.

REAJUSTES REAIS
Com a competição, os salários também têm subido.
Um estudo do Dieese mostra que, no primeiro semestre de 2010, cresceram as negociações salariais de sindicatos com reajustes acima da inflação (veja quadro).
"No passado, demitir era o modo mais simples de as empresas cortarem custos. Agora, com a perspectiva de que a demanda siga aquecida, as companhias precisam garantir a entrega e a qualidade dos produtos", diz Clemente Ganz, diretor técnico do Dieese. (CAROLINA MATOS)
 

 

PERFIL

Publicitária de 26 anos já teve três cargos de gerência

DE SÃO PAULO

Aos 26 anos, a publicitária Paula Albertini representa bem o potencial dos jovens da "geração Y" no mercado de trabalho.

Há um ano, ela é gerente da Cia de Talentos (empresa de recrutamento de jovens da DMRH) América Latina.
Albertini comanda 25 funcionários na Argentina e no México, todos mais velhos que ela -alguns na faixa dos 40. É o terceiro posto gerencial que assume na empresa desde 2004. No primeiro, tinha só 20 anos.
A jovem diz que desde o início foi bem aceita pela equipe dos países vizinhos, demonstrando conhecimento da empresa e das tarefas a serem executadas.

A busca por inovação nos processos e a política de incentivo ao grupo também ajudaram a conquistar a confiança dos funcionários.

"Sou movida a desafios e me envolvo muito com o trabalho", diz. "Profissionais da "geração Y" têm objetivos de curto prazo, mas, enquanto a empresa oferece possibilidade de crescimento, vamos ficando."

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